Eis uma nova história de Kieron Gillen, autor que conheço de outras histórias mais longas como o recentemente lido Once & Future ou Wicked & Divine. Tendo gostado bastante do Once & Future (bastante mais do Wicked & Divine) e gostando do aspecto geral do livro, acabei por adquirir esta pequena história que fica completa num único volume.

A história centra-se numa rapariga que enrijeceu após passar por várias casas de acolhimento. De promessas em promessas, Lori acredita que, mais cedo ou mais tarde, todos a abandonam, pelo que a sua reacção ao encontrar uma casa vazia não é exactamente das mais exuberantes. Mas ao encontrar, também, a vizinhança sem pessoas percebe que algo estranho se passa. Felizmente, o primeiro ser humano que encontra é uma outra rapariga, mais inocente e crente em como tudo irá ficar bem.

O quotidiano das duas raparigas começa por se resumir a tentar obter comida das casas e das lojas vazias. Mas, tal como elas, existem grupos de pessoas perigosas que tentarão reunir o máximo de mantimentos e enfrentar estas pessoas é nitidamente perigoso. Para além destes grupos, existem cães / lobos que vagueiam pelas ruas. Mas não só. Um dia as duas crianças encontram um gigante de peculiar aspecto.

We called them giants é uma história relativamente curta mas peculiar que se centra numa personagem cuja dura vivência a leva a tomar péssimas decisões. A sua desconfiança permanente é uma vantagem num potencial apocalipse em que a sociedade colapsa, mas acaba, também, por ter resultados bastante negativos quando a impedem de ver que, por vezes, um pouco de positividade poderia levar a melhores resultados.

Apesar de ser uma história que decorre em cenário apocalíptica, afasta-se dos temas habituais deste cenário, explorando pouco a transformação dos seres humanos (apenas q.b., como dado adquirido). Este afastamento até é agradável, para quebrar o padrão, mas a falta de espaço faz com que se perceba pouco das circunstâncias dos gigantes e dos fenômenos associados.

O resultado acaba por ser menos envolvente do que parecia. Os gigantes são figuras temíveis que mudam a ordem a que estamos habituados. O humano já não é supremo e a existência de gigantes coloca-o numa posição de receio, até de dependente ou domado.

We Called Them Giants não é, portanto, uma leitura fabulosa, ainda que seja uma leitura leve com pontos de interesse, pegando numa premissa comum (até banal) para fazer algo diferente. Julgo que a opção de ser tão curta não resultou tão bem quanto se esperava.