Na pesquisa de mais algumas séries de Mangá, deparei-me com esta publicada há algum tempo em Portugal pela Devir. A premissa parece ser fantástica o suficiente, e voltada para um público mais maduro do que as mais conhecidas One Piece e Dragon Ball. Até agora, a leitura recorda-me The Death Note, e ainda que não se tenha tornado numa favorita, lê-se bem.
A história começa por nos apresentar um rapaz órfão que é cuidado pelos tios, ainda que estes não pareçam gostar muito dele, tratando-o com desprezo. Na escola é, também, uma figura invisível. A depressão leva-o ao suicídio, mas o passo que tomou para se matar fá-lo ser um dos treze escolhidos, o que lhe confere poderes especiais como asas e flechas capazes de fazer com que se apaixonem por ele.



Os primeiros momentos são de correção da situação, com o rapaz a perceber que os pais terão sido mortos pelo tio, e que a fortuna herdada estará a ser usada para outros fins. Seguem-se os momentos de descoberta em que conhece outros como ele, nomeadamente a rapariga por quem é apaixonado, que mesmo assim usa uma flecha nele. Descobrem os poderes, mas também que os treze escolhidos poderão suceder a Deus, tendo de se eliminar uns aos outros.
Tal como Death Note, sucedem-se dilemas morais e esquemas manipulativos de cada um dos escolhidos, havendo longos trechos dedicados à exposição de estratégias e raciocínios. Cada um dos escolhidos tem motivações diferentes e razões diferentes para se tentarem suicidar, sendo que, até agora, os volumes vão explorando cada um dos candidatos, alguns de forma mais directa do que outros.



A narrativa é psicologicamente densa e negra, explorando os óbvios temas do suicídio, da aprovação dos pares, e da manipulação, sem existirem momentos mais leves de comicidade onde se libertaria alguma tensão. O tom é sério, até um pouco depressivo. A exploração das várias personagens tem conferido perspectivas ainda mais negras e a premissa de poderem ascender à categoria de Deus justifica o permanente conflito.
Em contrapartida, o desenho consegue ser detalhado e fabuloso, compensando a ausência de cores com vários tons de cinzento. As páginas alternam entre brutais batalhas aéreas com a beleza das figuras e dos cenários e até gostaria que o tamanho da página fosse maior para se poderem apreciar alguns detalhes.



Num tom mais adulto que outras séries que são publicadas no nosso mercado (se calhar a par com The Death Note e Monster) Platinum end é uma série tensa e movimentada, onde se exploram circunstâncias psicológicas que levam ao suicídio, ao mesmo tempo que introduz um conflito que justifica a permanente desconfiança e urgência. O resultado é uma leitura tensa, que faz com que a leitura entre volumes seja intercalada com outras histórias.
