Descendente de emigrantes palestinos e gregos, mas também de ascendência latino-americana, Miguel Littin nasceu em 1942 no Chile, tendo estudado teatro na Universidade do Chile. Nos princípios dos anos 70, foi nomeado por Salvador Allende, dirigente de uma instituição de promoção de cinema chileno. No entanto, quando se inicia a ditadura de Pinochet, é obrigado a exilar-se, inicialmente para o México, depois, para Espanha.
Em 1985 regressa ao Chile clandestinamente para captar uma série de imagens e de testemunhos relativamente ao estado do país durante a ditadura. Estas imagens são a base documental de Acta General de Chile, um documentário lançado em 1986 e galardoado no Festival de Veneza que fortaleceu a pressão internacional contra o regime de Pinochet.
Mais tarde, com o retorno da democracia ao Chile, Littin voltou ao seu país, onde realizou outro documentário do Chile pós-ditadura.
O Livro
O livro retrata não só o retorno de Littin ao seu país, para as filmagens, mas a mudança de personalidade a que se sujeitou de modo a entrar ilegal no seu país sem ser reconhecido – ou seria fuzilado. Mudar não só o aspecto físico, a pronúncia, como isolar-se antecipadamente da família e fingir um casamento. Assim, entra no Chile, com várias equipas de filmagens independentes. Seguem-se os encontros clandestinos com membros da oposição, os testemunhos escondidos da população, a adoração pelo falecido Salvador Allende, idolotrado como um Deus.
Este é um livro essencialmente documental, no qual Marquez reconta a história transmitida por Littin, com vários episódios pessoais não revelados no filme. A importância não se centra no entanto na aventura de Littin, mas na recriação do clima de terror e tensão no Chile durante a ditadura.