the forgotten

Patricia A. McKillip era mais uma entre as várias autoras para mim desconhecidas no género fantástico. Dois dos seus livros tinham-me já chamado à atenção por se encontrarem publicados na colecção Fantasy Masterworks, que reúne algumas das melhores obras fantásticas.

Adquiri The Forgotten Beasts of Eld – um livro premiado com o World Fantasy Award e nomeado para o MyMythopoeic Fantasy Award; mas que entre os vários livros da autora é apenas mais um com vários prémios e nomeações.

The Forgotten Beasts of Eld começa por nos apresentar três gerações de encantadores de criaturas míticas, pessoas que conseguem chamá-las e “domesticá-las”. Myk pertence à primeira geração, o filho de um feiticeiro que nunca chega a conhecer o pai, com fama de ser lento pelos restantes membros da aldeia e que acaba por se afastar da humanidade. A capacidade de chamar criaturas míticas transmite-se para o seu filho, Myk, e para a sua neta, Sybel.

A mãe de Sybel, chamada por Myk como qualquer outra criatura, era uma jovem de rica família, mas frágil que morre ao dar a luz. Tal como Myk, Syble cresce isolada da restantes espécie humana, preocupando-se apenas com cuidar das criatura se com o conhecimento que adquire dos vários livros roubados a feiticeiros. Até que lhe é deixada uma criança nos portões, Tamlorn, filho da rainha e do seu amante, de quem cuida e a quem aprende a amar.

Anos mais tarde, a sua vida volta a transformar-se, quando o mesmo homem que lhe deixou a criança, a procura para que esta reivindique o lugar de herdeiro ao trono. Sybel, a senhora de gelo que não conhece o medo, vê-se agora confrontada com sentimentos desconhecidos e arrastada para o cruel mundo dos homens.

Com passagens que fazem lembrar a Rainha do Gelo, a Bela Adormecida, a Sybel que conhecemos no início da história não é uma donzela indefesa e inocente, mas uma feiticeira que, tal como não conhece o amor, não conhece o medo ou o ódio. Não compreende os humanos dos quais se mantém afastada, mas sim a mente das criaturas com as quais cresceu, animais com poderes estranhos, mais velhos que qualquer humano.

A premissa da história não é desconhecida – amores impossíveis, órfãos que se revelam herdeiras de um trono ou vinganças que há muito deviam ter sido esquecidas; o que é diferente é o modo como os acontecimentos se enrolam e o tabuleiro é virado sempre que se parece escorregar para a vulgaridade. O final, esse, não é nada de expectável, mas o caminho é o que distingue a história.

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