Viver com depressão ou esgotamento não é fácil. Falamos de uma realidade em que a doença psicológica é diminuída por uma grande parte da população, e em que o próprio não consegue ter perspectiva para se aperceber da sua situação. Aliás, esta uma das características da doença psicológica – no caso do esgotamento caracteriza-se pelo fecho em si mesmo, pelo isolamento, pelo adiar constante de responsabilidades, pelo tratamento erróneo dos que rodeiam o doente.
Em Malditos Amigos o autor apresenta um tatuador em São Paulo que apresenta todos os sintomas de uma depressão – esquece-se frequentemente de dias inteiros e tem pouca paciência para aturar os que encontra, fugindo de conversas ou encontros, e deixando para trás até os eventos com que sempre sonhou.
Alternando estes episódios da realidade actual da personagem, encontramos alguma da sua história, como se fascinou pelo mundo das tatuagens e como se mudou para São Paulo, a cidade que tem tudo o que sempre sonhou, com espaço para prosseguir a sua arte e a suas paixões. Mas estas paixões parecem ter dado lugar a apatia e irritabilidade.
Mas se algum do comportamento irritado é explicado pelo estado de espírito do tatuador, a verdade é que alguns dos que o rodeiam apresentam (ou apresentaram) comportamentos injustificados e parasitas – comportamentos que o tiram, e vão sempre tirar, do sério.
No estilo próprio de André Diniz (que já tinha tido hipótese de observar em O Idiota, publicado na colecção Novela Gráfica no ano passado) este Malditos Amigos é uma boa história, com boas tiradas sobre a doença psicológica da personagem principal que mostra a importância de nos rodearmos das pessoas certas.
Malditos Amigos foi publicado pela Polvo.
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