Anahata é um conto de autor brasileiro. Destaca-se, pois, nesse aspecto, com a utilização de palavras algo diferentes das habituais, com recorrência a algum calão e uma linguagem mais gráfica. Nada de chocante, apenas um tom diferente do que é habitual em Portugal.
Anahata apresenta-nos uma história futurista numa sociedade estratificada. Os que possuem bons empregos e bens materiais encontram-se numa secção separada fisicamente dos restantes, os pobres que procuram uma forma de sobreviver à miséria e aos problemas de saúde.
Assim é a personagem principal – um homem jovem que procura, através de um grande golpe, garantir as operações de que precisa, bem como o bem estar financeiro da irmã que, como ele, foi abandonada pelos pais.
A história possui um bom ritmo, centrando-se na execução do golpe que assenta no envolvimento sexual do jovem com um homem de classe superior. A linguagem é mais gráfica e directa, não fugindo da sexualidade ou da violência.
Apesar das diferenças de expressão, é um conto que se lê bem, movimentado e cativante, quer pela apresentação da perspectiva pessoal do jovem, quer pelo mundo que desenvolve – uma realidade que me recorda os contrastes em países menos desenvolvidos, em que os ricos permanecem por detrás das grades dos condomínios, e os restantes existem para servi-los.