The Dreaming decorre no mesmo Universo ficcional de Sandman, criado por Neil Gaiman. Vários anos depois dos acontecimentos da série principal, Daniel, o novo senhor dos sonhos que sucedeu Morpheus (e que foi apresentado na série original enquanto criança), encontra-se desaparecido.

Mas esta não será uma das suas usuais ausências. Neste caso, o desaparecimento leva a uma série de brechas no reino, várias irregularidades que levam várias personagens a procurá-lo nos mais impensáveis locais. Com o Rei dos Sonhos ausente, o reino encontra-se vulnerável a ataques exteriores, e à incorrecta derivação de algumas criaturas que executam acções demasiado pesadas.

O conceito não é novo. Já na publicação original o Rei dos Sonhos se tinha ausentado por bastante tempo e tínhamos assistido às consequências no seu reino. O que é diferente agora? Bem, algumas personagens têm mais poder e mais possibilidade de intervenção do que elas próprias se apercebem. Ainda, algumas criações dos sonhos reagem, nesta história de forma mais intensa e catastrófica, gerando o caos na tentativa de impor a sua própria ordem.

Em termos visuais, as páginas são densas em desenhos variados e cores, remetendo à fronteira da realidade, onde cabe tudo o que a imaginação humana é capaz de formar. Nalgumas páginas, a densidade é acompanhada por alguma confusão visual, mas, na verdade, tal corresponde muito à narrativa, onde várias perspectivas se cruzam.

Já a narrativa, com uma premissa que já tinha sido explorada noutras histórias de Sandman, leva-nos a uma sensação de déja vu, que não é totalmente agradável. A acção vai saltitando de personagem em personagem de forma pouco linear.

Esta pouca linearidade é algo que faz parte de Sandman pela mão de Gaiman, mas é algo que aqui não me encaixou tão bem. Da mesma forma, em Sandman, o mistério existe, mas vão sendo revelados pistas que encaixam perfeitamente aquando da revelação. Aqui isto não é tão feito.

Posto isto, gostei o suficiente para continuar a ler esta série, mas os autores de The Dreaming estão a construir num mundo fabuloso criado pelo Neil Gaiman e as expectativas dos leitores são demasiado elevadas.