
Eis mais uma história brutal da dupla Brubaker e Phillips, publicada no mercado português pela editora G Floy! Trata-se de uma história auto contida que se resolve num único volume, mas de forma dura, como seria de esperar dos seus autores.
Pulp começa por nos apresentar um velhote, Max Winter, autor de histórias de Western que sobrevive com os valores irrisórios que lhe pagam. Após mais uma entrega, descobre que o valor é menor do que esperava, recebendo bastante menos do que o acordado anteriormente. Enraivecido, dirige-se ao ao metro, onde assiste aos maltratos públicos de um jovem judeu. Decide intervir, mas o coração não aguenta e sofre um ataque cardíaco.

Já em casa, depois de uma passagem pelo hospital, descobrimos que vive com a senhora, a responsável por lhe ter restituído a vontade de viver. E por ela está disposto a regressar aos assaltos – principalmente quando o editor volta a alterar o pagamento esperado pelas histórias seguintes.
A história é contada na perspectiva do velhote, cruzando memórias com os acontecimentos actuais e mostrando alguns dos seus pensamentos. É, sobretudo, uma narrativa movimentada, carregada de tiroteios, ainda que não se centre nesta vertente e que os tiroteios sirvam para a evolução da personagem.
Visualmente corresponde ao estilo de Phillips, competente em transmitir episódios de acção e alternando estilos consoante se tratam de memórias ou de acontecimentos actuais. O estilo não é deslumbrante, mas concretiza, com sucesso, a criação de uma realidade sombria onde os verdadeiros monstros não são estes bandidos – uma sensação que é transmitida, também, pelos diálogos sarcásticos.
A história apresenta algumas reviravoltas, ligeiramente por algumas dicas da personagem principal (mas não reveladas). Estas reviravoltas astuciosas permitem fechar a história de forma coerente, apesar de utilizar alguns elementos cliché que poderiam ter sido mais subtis.

Mais curta que outras séries do autor, Pulp também não precisa de muito mais espaço para chegar onde precisa e se apresentar como mais uma boa história da dupla. Não entre as melhores (se pensarmos em The Fade Out ou Fatale) mas uma boa leitura, ainda assim.