Operação Overlord foi o nome dado à operação dos Aliados responsável pela invasão dos territórios europeus ocupados pelos alemães. Esta série acompanha, portanto, a preparação da Operação e a sua execução, focando-se, à vez, nalguns soldados e apresentando alguns episódios mais pessoais de cada um.

Esta série apresenta uma visão mais próxima dos soldados do que da estratégia de guerra. Ainda que a Operação se desenvolva ao longo desta série, a perspectiva que nos é dada é mais a nível pessoal. Conhecemos os planos para o futuro e as aspirações dos soldados, as cartas que trocam com as namoradas ou com a família.

Como qualquer guerra, as baixas são aleatórias e os soldados vão perecendo. O termos conhecido a dimensão mais pessoal de cada soldado, a sua unicidade, faz com que cada uma destas perdas tenha maior peso narrativo. Mas a guerra continua, e novas baixas se sucedem.

Esta exploração, da vida e dos planos de cada soldado, é a componente interessante desta série, mas resulta num constante saltitar entre personagens (para que se possam abordar vários momentos chave da operação), deixando-nos a sensação de uma manta de retalhos, sem continuidade objectiva e um fio condutor claro.

Visualmente não é excelente. Há momentos de grande densidade de cores que não permitem grande destaque nas figuras de cada imagem, as expressões são pouco naturais, e a composição de cada página nem sempre é das melhores. Utilizam-se, muitas vezes, sobreposição de quadrinhos, num enquadramento audacioso, mas nem sempre necessário e por vezes confuso.

Operação Overlord não é propriamente uma má série. Tem uma abordagem narrativa diferente (o foco saltitante entre personagens) que proporciona bons momentos mas, por outro lado, é exactamente este o ponto que também fractura a narrativa e que quebra a continuidade. Em termos visuais também não é má, mas também se destaca pela positiva.

Comparando com outras séries de guerra, Overlord não me trouxe nada de novo. O aspecto não me fascinou, a história é saltitante e apesar do foco mais pessoal em cada soldado, não é nada que não tenha já sido feito noutras narrativas. Esta série foi publicada em Portugal pela Asa, em parceria com o jornal Público.