Este volume leva-nos a um velho e degradado edifício de Barcelona focando-se sobretudo numa criança, Moyo, mas mostrando-nos também os fantasmas de cada um dos seus vizinhos. A história leva-nos por alguns conflitos pessoais confrontando medos com auto-conhecimento e revela-se bastante mais séria do que as expectativas que tinha.

A história

Moyo é uma criança peculiar que passa vários serões sozinha em casa, na ausência da mãe que é prostituta. Como forma a fugir dessa solidão, procura a companhia de um vizinho entrando-lhe pela janela em busca de companhia ou leitura – neste caso histórias de banda desenhada antigas que devora.

Parelalmente, são-nos mostrados episódios chave de alguns dos habitantes dos restantes apartamentos, que nos permitem antever uma desgraça – os receios ganham força, as sombras do passado tornam-se cada vez mais pesadas e a tensão cresce.

A narrativa

A história é relativamente simples, mas com uma caracterização de personagens competente. Foca-se em momentos chave para fazer esta caracterização, bem como em pequenas interacções, que nos dão uma ideia de como agem e dos fantasmas que as afligem.

Existe um visível acumular de tensões que resulta dos fantasmas de cada um e que se reflecte nos relacionamentos. Estes fantasmas determinam acções, havendo, no ar, várias ameaças. Felizmente, a história prossegue por um caminho menos previsível, ainda que termine de forma demasiado perfeita.

El Sr. Joaquín Y la Mecánica Celeste apresenta uma história razoável com alguns elementos interessantes, mas que não se torna extraordinária. Como elementos interessantes, destacaria a forma como os fantasmas de cada personagem são explorados e o desenlace final. Apesar disso, a história não tem o devido espaço para se estender e captar mais envolvimento do leitor, nem se destaca na componente visual. Por outro lado, existem alguns clichés para a construção de personagens (que facilitam a caracterização) mas que são usados de forma demasiado simplista para criar uma dimensão adequada.

Conclusão

Este volume é uma leitura agradável em torno dos habitantes de um edifício velho e degradado em Barcelona. A história consegue caracterizar facilmente as personagens, ainda que nalgumas use clichés demasiado generalistas, sem outros elementos que tornem as tornem originais. A exploração dos seus fantasmas e o rumo não expectável do final são os pontos altos desta leitura.