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Tanto Mark Twain como Rudyard Kipling, dois dos mais célebres autores de língua inglesa do final do século XIX, início do século XX, atingiram boa notoriedade com estes contos centrados em animais. Ainda que ambos tenham sido bem recebidos, sobre o conto de Rudyard Kipling foram feitas algumas interpretações demasiado exageradas na vertente colonialista.

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A célebre rã saltadora do condado de Calaveras apresenta-nos um apostador compulsivo que não consegue deparar-se com possibilidade nenhuma em que não aposte. Ao vislumbrar um possível companheiro para uma aposta, apresenta-lhe a sua rã, que decerto será capaz de ultrapassar qualquer outra, e logo inventa uma possível competição entre rãs.

Neste seguimento, deixa para trás a sua própria rã, enquanto procura outra para o companheiro da aposta. Quando retorna e testam as rãs, a sua revela-se quase incapaz de saltar.

Adaptado para ópera, e constituindo um episódio no filme As Aventuras de Mark Twain, a história ridiculariza o espírito do jogo do apostador, demonstrando que, toda a sua disponibilidade (ainda que interesseira) o deixa vulnerável a ser alvo de trapaças por parte de terceiros. Não que ele seja totalmente inocente – até porque os animais que cria, de aspecto quase vulgar, são capazes de feitos surpreendentes.

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Já o conto Rikki-tikki-tavi de Rudyard Kipling centra-se na bravura e reconhecimento de um mangusto que, recolhido e tratado por uma família, os recompensa protegendo contra as cobras de espírito vingativo. O conto é apresentado sob o ponto de vista do mangusto, um animal corajoso e simples, que conhece bem o seu lugar entre a família, reconhecendo-lhe autoridade.

Começando como um animal recolhido mas suspeito pela sua qualidade de desconhecido selvagem, o mangusto ganha o seu lugar junto da família ao demonstrar-se de confiança e protector, lutando sucessivamente com as ameaças que se apresentam.

História movimentada, empática e simples, de premissa linear e estrutura clássica, Rikki-tikki-tavi encanta exactamente por nos apresentar uma personagem humilde e corajosa que, reconhecendo o seu papel, o executa com desenvoltura, sem mostrar dúvidas ou incertezas.

Este livro amarelo da nova colecção da editora Guerra e Paz centra-se nos animais enquanto elementos causais de duas boas histórias, mas de construção bastante diferente. De realçar a composição gráfica que constitui um elemento de grande destaque na edição da colecção livros amarelos.