Com elementos clássicos de literatura fantástica, Dragonero mostra como a dupla protagonista ingressou o corpo dos exploradores. Arànil, saído do exército no seguimento de um processo militar que assombrou o futuro da sua carreira, procura Gmor, um orgue bem humorado e muito forte que se retirou para um mosteiro. Como seria de esperar a vida eclesiástica não condiz totalmente com o orgue, facto realçado quando se juntam numa missão de salvamento a um grupo de monges aprisionados numa biblioteca antiga.

O relacionamento entre os dois amigos e companheiros de armas oscila entre o apoio mútuo e a pirraça que alivia os momentos de tensão resultantes do perigo. Juntos formam uma forte e bem disposta dupla, mas é, sobretudo, pela amizade que os une que se tornam capazes de enfrentar um grande conjunto de inimigos.

Contendo várias espécies inteligentes, como orgues, elfos ou anões, bem como criaturas sobrenaturais, como demónios ou dragões (não mostrados nesta aventura), o mundo de Dragonero apresenta alguns elementos usuais nas séries fantásticas, com personagens aventureiras que provocam a movimentação da história. Estas personagens revelam ser um pouco mais densas do que as histórias mais básicas do género, com Arànil a mostrar tem um passado complexo e Gmor, um orgue que, apesar de gostar de batalhas,  também tem um apreço especial pelos livros.

Esta aventura em particular é envolvente e divertida, contendo episódios mais sérios intercalados com alguns mais leves onde não falta o companheirismo referido anteriormente. Em termos visuais trata-se de uma série competente onde o desenho se centra mais nas personagens do que nos cenários ou paisagens, reflexo de uma história que dá primazia à acção.

Dragonero, A primeira missão é o oitavo volume da colecção Bonelli, publicada pela Levoir em parceria com o jornal Público.