Em The Wake os humanos entram em guerra com uma espécie sapiente – uma espécie que se cruza com a humana de diversas formas, ainda que a memória de tais episódios não esteja presente. O livro começa com a contratação de uma especialista em sons de cetáceos que viu a sua carreira colapsar pela entidade patronal. Com a carreira perdeu a guarda do filho pelo que quando a abordam com um novo projecto, prometendo resolver alguns dos seus problemas pessoais, a especialista aceite prontamente.
O que a espera não é uma baleia. Antes um ser quase humano, uma espécie de sereia bastante agressiva que emite fortes sons e é capaz de envenenar e hipnotizar humanos. O estudo do espécime capturado rapidamente se torna numa invasão destes seres que consegue subir o nível das águas de forma extraordinária, e assim eliminar grande parte da área habitada pelos humanos.
Dois séculos depois apresenta-se a nova realidade. Os humanos persistem nas poucas áreas não alagadas, em guerra com esta espécie marinha, sob uma espécie de ditadura que impede a livre comunicação e deslocação. Entre os sobreviventes existe o mito de um mundo humano debaixo das águas, um mundo que resiste aos invasores e que alguns procuram insistentemente.
Vencedor de um Eisner em 2014, esperava mais do ponto de vista narrativo deste volume. Se a primeira parte é coesa, decorrendo como uma história de terror que explora bem a criação de tensão; a segunda parte parece perder-se num futuro em que existem várias linhas narrativas possíveis (um regime totalitário, um mito que pede para ser explorado e um inimigo que justifica alguns dos acontecimentos) mas que acaba por não investir devidamente em nenhuma delas.
Visualmente competente e com um estilo apropriado aos momentos de terror marítimo, The Wake começa bem, mas desilude nos confusos episódios finais, entre ditaduras, piratas, e pistas para uma teoria que explique a razão do confronto com os humanos – razão esta que acaba por ficar em aberto, ainda que se revelem alguns detalhes da origem e ligação entre ambas.