
Eis um livro curioso. Este volume é a adaptação do filme Bram Stoker’s Dracula, de Francis Ford Coppola, desenhado por Mike Mignola. É considerado um dos melhores trabalhos deste desenhador, lançado antes de Hellboy. Visualmente, possui muitas das características de Mignola, onde o negro impera – algo que se adapta bastante bem a esta narrativa.

Ao contrário das minhas expectativas, a narrativa também flui – por mestria do desenho. Sem grandes dissertações, mostrando mais do que diz, o livro conseguiu cativar-me o interesse, apesar de ter lido o livro original. O Dracula é o monstro. Forte, poderoso, sedento de sangue – mas que também procura uma alma que queira imortalizar-se ao seu lado, vendo em Mina uma possível candidata.

As personagens da banda desenhada colam-se bastante aos do filme. As mesmas feições. As mesmas expressões. Mas ao estilo de Mignola. Tudo é sombrio e pesado – mesmo os episódios iniciais parecem conter uma tensão que se revelará apropriada.

Adaptação de uma adaptação, este volume é curioso, valendo sobretudo pela arte do Mignola, que usa as imagens do filme e as contorce na sua forma de desenhar. O resultado é mais interessante do ponto de vista gráfico do que narrativo – mas é essa mesma componente gráfica que é capaz de cativar o leitor.