Os Enciclopedistas era o nome de um grupo de pensadores e filósofos franceses que se reuniram para desenvolver uma Enciclopédia de 35 volumes que contivesse todo o conhecimento humano da época. A Encyclopédie foi organizada por Denis Diderot e Jean le Rond d’Alembert e contou com a participação de inúmeras personalidades representativas do pensamento do Iluminismo.

Esta Enciclopédia tinha como objectivo disponibilizar o conhecimento, tentando fazer com que este deixasse de ficar nas mãos dos jesuítas. Claro que tal empreitada não agradou nem à Igreja, nem ao rei, para quem a monopolização do conhecimento constituía uma forma de controlo da população. Por outro lado, alguns artigos não apresentavam a Igreja sob uma luz muito positiva e farão com que alguns dos autores passem uma temporada nas catacumbas da prisão.

A história deste volume remonta ao ano de 1750, situando a narrativa em Paris e centrando-se numa jovem, Marie, com uma peculiar capacidade para desenhar. Assim terá conhecido Diderot e sido convidada a participar na criação da Enciclopédia, participando dos seus encontros secretos.

Para além dos perigos associados à criação da Enciclopédia (prisão e censura) os autores adicionam à narrativa um assassino em série que se foca nos participantes da Enciclopédia. Ainda que estes crimes pareçam ter motivação religiosa, com a progressão do enredo percebe-se a sua origem poderá ser outra.

Tanto quanto pude depreender, quer Marie, quer os homicídios são ficcionais, não se encontrando qualquer referência histórica a estes elementos narrativos. Adicionalmente, comparando a data da morte dos participantes (e a causa da morte) não existe coerência para a introdução de um assassino em série.

Esta estratégia narrativa de incluir elementos ficcionais tem várias funções. As mortes sucessivas permitem introduzir um sentido de urgência à história, com uma boa sucessão de episódios de maior acção. Por outro lado, o foco numa personagem inexistente evita os constrangimentos que podem surgir aquando do retrato de personalidades históricas.

Portanto, em termos de história temos dois focos. Por um lado, existe um objectivo comum de várias personalidades que gera um elevado conflito social e, consequentemente, algumas consequências nas relações com a Igreja e com a nobreza. Por outro, os homicídios dão-lhe força, urgência e velocidade narrativa.

Já visualmente, Los Enciclopedistas tem parecenças com o desenho que estamos habituados a designar como francobelga, apesar do menor tamanho da página. Mas em cores é quase sempre monocromática, optando diversas vezes por espalhar uma só cor em toda a página ou uma só cor para designar um ambiente. Esta escolha parece camuflar alguns bons desenhos e julgo que outra solução poderia realçar mais a qualidade do traço.

Posto todos estes elementos é uma leitura agradável e ligeira que cativa pela sucessão de episódios movimentados. Em termos visuais julgo que poderia ser melhor com outra escolha de cores, mas os desenhos são de boa qualidade. Em suma, uma boa leitura que não chega ao patamar do excelente.