Depois de ter lido Amarillo (e de o ter achado mais fraco do que os três primeiros volumes), eis que leio este volume, O Inferno, O Silêncio e reponho o bom sentimento em relação à série. Na verdade, li-os fora de ordem, já que o Amarillo devia ser o o quinto volume.

O que torna este O Inferno, O Silêncio especial é o cruzamento do detective hard-boiled com o sentimento de destino maldito de um artista. Blacksad, o detective é levado a explorar o duro mundo das produções culturais, mais propriamente da música, enquanto procura um músico desaparecido em Nova Orleães.

Nesta cidade, a vida faz-se de noite e, portanto, a maioria dos episódios decorrem nesta altura do dia, demonstrando uma vivência boémia e decadente, alternando drogas e música. Por oposição, alguns dos poucos episódios que decorrem durante o dia apresentam festas na rua, com música alegre e pessoas mascaradas – uma outra faceta da intensa ligação com a música que parece definir Nova Orleães.

Em termos de mistério, este leva Blacksad a pensar em várias gerações, falando com charlatães e incluindo-os na sua história , mesmo no centro da narrativa. A superstição parece fazer parte da vivência destas personagens, bem como um ciclo de culpa. A narrativa volta a ser mais envolvente, carregada de movimento, mas sem chegar ao extremo de Amarillo, deixando algum espaço para o pensamento crítico e o desenvolvimento de uma investigação.

Já em visual, O Inferno, O Silêncio explora cenários nocturnos e de festa em Nova Orleães, dois ambientes contrastantes que ora revelam a vida boémia da noite, ora as festividades por detrás de uma máscara!

Este volume foi publicado pela Edições Asa.