Bordados é um dos volumes lançados na colecção Novela Gráfica de 2020 pela Levoir em parceria com o jornal Público. A autora é conhecida, sobretudo, pelo seu livro Persépolis, tendo outro volume publicado na colecção Novela Gráfica, Frango com Ameixas. Comparativamente a este último é um relato mais íntimo que, apesar de decorrer num espaço e tempo muito limitados, nos transportam para outra cultura, sob uma perspectiva feminina.

Em Bordados um grupo de mulheres reúne-se para trocar confidências – todas têm histórias para contar sobre enganos e casamentos, mostrando que, nesta sociedade, as aparências contam bastante. Sobretudo a aparência de casar virgem. Contam-se histórias de noivas no início da adolescência, maridos enganados, casamentos desmanchados e noivas roubadas.

Cada uma das mulheres conta a sua própria experiência ou a de uma amiga, mostrando-se que o jogo das aparências pode ser circundado de várias formas. Os casamentos ainda se podem arranjar pelos familiares, mas os resultados podem ser diversos. Na prática, quem se casa desta forma, está a apostar o futuro às cegas.

Após o primeiro casamento, seja por divórcio, seja por viuvez, devem manter algumas aparências, mas esta fase liberta-as para, finalmente, viverem paixões e aventuras. Mas sempre envoltas numa névoa de secretismo que poucos homens imaginam.

Visualmente, este Bordados corresponde ao estilo da autora demonstrado em outros volumes. Não sendo um estilo que me fascine, resulta na sequência narrativa, principalmente quando a autora recorre aos contrastes. O tipo de letra usada também não favorece a leitura em todas as ocasiões.

Bordados interessa, sobretudo, pela forma como apresenta os bastidores de uma cultura. As confissões entrelaçam-se e demonstram como as mulheres dão a volta às questões de honra e família, procurando a sua independência sem perder a compostura.