Em Frango com Ameixas a narrativa centra-se no tio-avô da autora, Nasser Ali Khan, um conhecido músico  que apenas é capaz de tocar no seu tar. Quando, no seguimento de um desentendimento familiar, este se parte, procura, em vão, substituir o tar. Sem sucesso. resta-lhe, tento perdido toda a vontade de viver, aguardar a própria morte.

Apesar da sombra de morte que paira em toda a narrativa, a história tem um tom algo leve, conseguindo aligeirar a componente trágica com elementos caricatos. Os relacionamentos familiares estão desalinhados e Nasser não se identifica com nenhuma das suas crianças – tempestuosas, pouco concentradas, aliadas da sua angústica com a quebra do tar.

Página a página acompanhamos o autor na sua tentativa de substituir o instrumento, viajando e encontrando brevemente uma antiga paixão. Uma paixão que terá estado no centro da sua capacidade criativa. Nasser encontra-se frustrado e deprimido e não consegue estabelecer uma empatia suficientemente forte com nenhum dos seus familiares.

Os desenhos a preto e branco destacam sobretudo as personagens, mantendo o contexto no mínimo. Os fundos escuros são, por vezes, cortados com contornos de personagens anónimas, dando o efeito desejado sem grande detalhe. Não é um tipo de desenho que goste bastante, ainda que seja competente a passar ideias e emoções (através do foco nos rostos e respectivas expressões).

Frango com Ameixas foi lançado pela Levoir em parceria com o jornal Público.