
Sapiens, A Origem da Humanidade, de Yuval Noah Harari é um conhecido livro de divulgação científica. Não tendo lido o original, optei por adquirir o formato de banda desenhada para perceber o sucesso de Sapiens. O autor explica as origens do Homem, justificando algumas das suas características actuais com base na evolução e demonstrando como contribuiu para a alteração do equilíbrio ecológico. É um bom livro de divulgação científica, acessível e interessante.
A história
O autor recorre a outros nomes de cientistas para explorar várias teorias do desenvolvimento do Homo Sapiens, mostrando como as várias espécies de hominídeos poderão ter convivido e interagido. Apresenta, também, as diferenças do Homo Sapiens e o que terá permitido ser o único hominídeo sobrevivente.
A possibilidade de criar ficções terá tido um papel fulcral para o desenvolvimento de sociedades e civilizações, permitindo a união de grupos maiores e a concretização de projectos de maior envergadura. Será esta mesma possibilidade que leva à construção de entidades fictícias como empresas.
O autor aproveita para falar, também, do papel do desenvolvimento do Homo Sapiens na extinção de várias espécies nos vários continentes, demonstrando como a sua propagação teve um grande impacto ecológico ao longo de milénios.
A narrativa
O que torna este livro interessante não é só o conteúdo, mas sobretudo, as estratégias narrativas usadas pelos autores. Por um lado usa pequenos episódios de uma banda desenhada fictícia centrada num símio para representar a sua vida. Por outro, usa uma conversa com uma criança como forma de explicar algumas teorias sobre a evolução humana, ou palestras em que se debatem várias ideias.
Yuval Noah Harari não apresenta uma única ideia ou teoria. Dadas as poucas pistas que suportam cada teoria, Yuval Noah Harari apresenta as mais fortes, bem como os argumentos usados para as construir. Tão ou mais importante, o autor demonstra como é que estas ideias podem ser mal usadas para alimentar teorias racistas e podem ter impacto no mundo actual.
A narrativa é dinâmica. Por um lado alterna entre vários formatos para ir apresentando vários focos e várias ideias, fazendo-nos saltitar entre personagens e acontecimentos. Por outro, o modo de conversa ou palestra, alternando perguntas e explicações possibilita apresentar um raciocínio dinâmico que é facilmente seguido pelo leitor.
O autor recorre ainda, a pequenos trocadilhos e exageros nos episódios dos símios (sobretudo) como forma de tornar o conteúdo mais leve. Ainda assim, tem o cuidado de desconstruir estes exageros e comparações por forma a não passar as impressões erradas.
O desenho
O desenho não é espectacular, mas segue bem a narrativa, contendo elementos cómicos e exagerados que permitem tornar a leitura mais agradável. As cores, sobretudo em tons pastel, não pretendem representar a realidade, mas destacar alguns elementos dos desenhos. É agradável sem ser memorável, mas contribui bastante para o dinamismo da leitura e interliga-se bem com o que o autor pretende transmitir.
Conclusão
Não tendo lido o original, este volume apresenta-se de fácil leitura, dinâmico e, até com alguma diversão, sem divergir do objectivo principal que é transmitir as várias teorias em torno da evolução humana. É uma leitura agradável e informativa, que se destaca por não se focar em demasiada numa única perspectiva, mas conseguindo, mesmo assim, manter a coerência entre as várias teorias ao explicar as suas bases de convergência e divergência, numa escrita acessível.
Este volume foi publicado em Portugal pela Elsinore.
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