
Tango é uma das mais recentes apostas das Gradiva, uma série franco belga, com um estilo visual realista, mas moderno. As críticas têm sido razoáveis e, como tal, estava curiosa sobre o que iria encontrar.
A história
Tango é o nome da história principal, um homem que se encontra nas cordilheiras dos Andes. Rapidamente percebemos não se tratar do seu verdadeiro nome – o relato na primeira pessoa dá a entender que pretende passar despercebido enquanto se envolve na comunidade através de pequenas ajudas e copos ocasionais com os locais.
Mas um encontro rápido com bandidos que tentam assaltar um vizinho levantam algumas suspeitas em torno daquela vila e atraem novas visitas indesejadas – visitas que tentam desenterrar o passado de Tango e o passado do vizinho.
Crítica
Tango é uma história movimentada e carregada de acção. Nas cerca de 60 páginas da história assistimos a vários tiroteios e lutas de corpo a corpo. O passado de Tango, bem como da vizinhança justificam estes confrontos, enquanto servem, também, para caracterizar a personagem.
E esta parte é uma das que distingue Tango de outras séries de acção com o mesmo registo de violência – apesar de existir uma aura de mistério em torno da personagem principal (usual neste tipo de narrativas), conseguem-se perceber as motivações, ao mesmo tempo que se descobrem elementos importantes do seu passado. Desta forma cria-se maior empatia para com a personagem principal, o que permite acompanhar de forma mais envolve a narrativa.
Em termos visuais, o que encontramos no interior é semelhante à capa – um desenho realista com cores fortes, onde as figuras apresentam alguma textura, mas apenas a suficiente para conceder o tal tom realista. Mesmo o fundo de cada quadrado nem sempre se apresenta muito detalhado, sendo, por vezes, de uma só cor quando se pretendem destacar interacções ou expressões faciais e corporais.
Conclusão
Dentro do estilo de séries de banda desenhada de acção, Tango apresenta-se como melhor do que a maioria, tanto pelo desenvolvimento das personagens e das suas motivações, como pelo desenho que, ao diminuir o nível de detalhe em determinadas alturas, consegue criar maior dinamismo e foco no essencial. A leitura deste primeiro volume convenceu-se, definitivamente, a seguir esta série!