Já tinha ficado curiosa com a série Thorgal quando a editora A Seita lançou dois novos volumes no nosso mercado. Mas mais recentemente pude adquirir este volume duplo que me convenceu. Esperava uma série datada e estática, mas apesar de alguns toques neste álbum duplo que são típicos da década em que foi criado, são histórias que se lêem bem e gostei da mistura de elementos de fantasia e de ficção científica.

Este volume duplo contém duas histórias que podem ser consideradas introdutórias à personagem, ainda que não correspondam aos primeiros volumes da série. O filho das estrelas é o sétimo número, e Alinoe é o oitavo. Em conjunto, os dois álbuns apresentam-nos Thorgal enquanto criança, e percebemos alguns detalhes que vão fazer parte do herói que depois é conhecido nos restantes volumes.

Thorgal será filho de uma população de outro planeta que se desloca para a Terra para a colonizar. Mas pouco corre conforme esperado, e Thorgal acaba adoptado por um grupo de Vikings, explicando-se assim alguns dos seus poderes que estarão associados às suas origens espaciais e não a questões sobrenaturais. Bem, pelo menos alguns deles.

A narração decorre em tom de conto ou lenda, cruzando elementos de ficção científica com fantasia. Há detalhes que parecem ser explicáveis pela tecnologia (ainda que não exista uma tentativa explícita de explicação), mas alguns parecem ter contornos mais fantásticos, entre o sonho e o sobrenatural, com detalhes de mitologia nórdica.

Na segunda história, Alinoe, Thorgal é pai, tendo deixado o filho e a companheira numa ilha, isolados, com receio que quem o busca, posso magoá-los. A narrativa segue com foco na criança, Jolan, que, apesar do isolamento da ilha, começa a relatar brincadeiras com um outro rapaz. Mas aquilo que pareciam meras brincadeiras toma contornos mais sérios, quando as vontades momentâneas do rapaz se materializam e saem de controlo.

Alinoe apresenta uma história mais negra e misteriosa, de cerne inquietante, com elementos sobrenaturais não explicados – ou serão poderes herdados por Jolan? É mais provável, mas não é algo que seja explícito ao longo da história. A narrativa segue caminhos mais obscuros, que recordam histórias de horror, apesar do cenário de aspecto paradisíaco.

Este volume duplo apresenta duas histórias bastante diferentes, mas envolventes, cruzando elementos de mitologia e cultura nórdicas, ficção científica e fantasia (e/ ou sobrenatural). A combinação parece estranha, mas de alguma forma é convincente e cria um mundo curioso, cativante, mas também misterioso.