153 – The Carrier Bag – Ursula K. Le Guin – Este pequeno livro de uma das autores de referência da ficção especulativa (diria até da Literatura) refaz alguns conceitos base da construção de histórias, afastando-se da narrativa do herói, ainda que a própria autora pareça ter explorado este conceito nalguns livros. Este afastamento traria personagens menos perfeitas, mas mais ricas e cativantes, personagens em que mais facilmente nos podemos rever. É uma leitura curiosa com uma introdução na mesma linha;
154 – Dom Quixote de La Mancha – Miguel de Cervantes, Brizzi & Brizzi – A mesma dupla que adaptou o Inferno de Dante adaptou o clássico Dom Quixote. O resultado é igualmente fabuloso, representando-se os principais episódios do livro, com desenhos excepcionais. Em termos narrativos é, também, uma boa adaptação, onde não se sente a pressa da condensação das palavras, mostrando o necessário para a compreensão e resultando numa história adequadamente mirabolante. O livro é excepcional não só do ponto de vista visual, mas narrativo;
155 – Slava Vol. 1 – Gomont – Com o passar da USSR, o quotidiano dos russos vai mudando abruptamente – enquanto alguns perdem a sua subsistência, outros aproveitam as mudanças para se aproveitaram das novas oportunidades de fazer alguns trocos. A história apresenta-nos um duo de amigos. Um ex-artista cujos quadros perderam o valor, e um aproveitador nato que faz dinheiro a custo de tudo e de todos. As suas actividades ilícitas fazem-nos cruzar o caminho com um grupo de mineiros que vê o seu ganha-pão ameaçado, e que vê nos dois uma possibilidade de contornar o que se aproxima. É uma leitura curiosa, que confronta ideais com ideias, e onde a realidade do povo é confrontado com a política e o oportunismo;
156 – Lucky Luke – Um cowboy no negócio do algodão – Jul Achdé – Ainda que possam conter algumas referências históricas, a maioria dos álbuns de Lucky Luke são mais aventuras despreocupadas, onde se usam as características das personagens para levar a progressão num arco mais ou menos previsível, mas divertido. Esta história afasta-se desse padrão, ao começar por apresentar Bass Reeves, o primeiro Marshall negro, que leva os irmãos Dalton à cadeia. Em paralelo, Lucky Luke recebe uma herança imprevista, que lhe confere a propriedade sob uma quinta de algodão, carregada de ex-escravos. Ainda que libertos, as regras sociais continuam a ditar que os negros não são vistos como os restantes, e Lucky Luke irá ter de enfrentar não só o preconceito, como a organização KKK para vingar a sua vontade de distribuir a propriedade por aqueles que nela trabalham.