Há já algum tempo que tenho vontade de discorrer sobre a evolução da relação literatura Vs internet, mais especificamente da forma como algumas editoras e autores (não) utilizam este meio de comunicação cada vez mais barato para publicitar novos livros e eventos associados.

Numa altura em que se utiliza, cada vez mais, motores de busca como a google, para encontrar informações, parece-me que algumas editoras se negam a encarar a realidade: não possuem uma página oficial, ou o que possuem não a utilizam. Procura-se uma sinopse, uma simples informação sobre o livro ou autor, e mais facilmente esta se encontra num site genérico como o da FNAC ou da Wook, que na página oficial da editora, que anda às moscas, vá-se lá saber porquê (talvez por não ser actualizado há vários meses ou possuir informação confusa ou de difícil acesso?).

Entramos aqui também noutro domínio – o da acessibilidade dos sites. Acho que todos gostamos de ver uma página com música e de design composto, mas a médio ou longo prazo, de que serve uma página de lento acesso, onde a informação é de difícil obtenção e para a qual é complicado gerar links ou retirar as imagens oficiais? Não estou a falar de plagiar informação ou de a utilizar para proveito próprio, mas sim para propagar a informação e fazer algo tão simples como mostrar a um amigo, ou dissertar num fórum e conseguir dizer “foi esta a obra que me fascinou”. Em ambas as situações estamos a falar de publicidade gratuita que pode originar mais vendas.

Voltemos então à actualização das páginas oficiais das editoras: parece-me absurdo tomar conhecimento de um novo livro primeiro através de um site genérico e não através do oficial da editora. Ainda mais absurdo se torna quando a informação sobre o livro desejado nunca aparece na página oficinal: um espaço que pode ser consultado a qualquer momento, e que não depende do humor do livreiro ou de uma taxa qualquer para permanecer nas prateleiras principais.

Mas se existem, aos pontapés exemplos de má utilização de uma ferramenta de publicidade barata, não tão limitada quanto um jornal ou a montra de uma livraria, existem já editoras portuguesas a utilizar em pleno o potencial desta ferramenta. Entre as páginas oficiais actualizadas podemos encontrar blogs oficiais das editoras relacionados com os dos próprios autores, eventos marcados no facebook, fóruns ou até passatempos e comentários / críticas em blogs independentes das editoras: as estratégias parecem aproximar-se daquilo que há já alguns anos se vê nos mercados inglês e americano. Todas estas utilizações contribuem para aumentar a expectativa e a curiosidade nos potenciais leitores, com a criação de laços às próprias editoras ou autores.

Por último, qual o papel dos blogs independentes no meio disto tudo? (questão dúbia dado estarmos num blogs sobre livros.) Antes de mais e tentando esquecer que estamos num, o que procuro quando navego entre blogs literários? É fácil: opiniões concisas e límpidas, factos concretos, notícias sobre futuros lançamentos. Independentemente da opinião positiva ou negativa (que há-de ter o seu peso), procuro dados sobre a obra que me permitam discernir se irei, ou não, gostar da obra em questão. Agora falando da minha própria experiência enquanto leitora, encerrado um livro percebo, por vezes, que o li na altura errada ou que não o consegui apreciar por razões que fazem parte da minha própria personalidade (experiência de vida ou complexidade emocional). Há que tentar (nem sempre se consegue), separar as águas, o que está no livro e o que está em mim.

Desta forma, existem alguns blogs cuja referência me pode levar directamente a adquirir um livro (como o Of Blog of the Fallen), não porque tenha o mesmo gosto literário de quem escreve, mas porque normalmente me consegue apresentar um resumo concreto do que é o livro. Existem, ainda, aqueles em que só depois de várias referências considerarei a aquisição, ou aqueles em que as referências me levam a procurar mais informações. Entra aqui, também, o papel dos passatempos, que ajudam a realçar uma determinada obra, ao criarem um investimento emocional no concorrente, um envolvimento que poderá ajudar na aquisição da obra.

Posta esta dissertação amadora baseada apenas na minha experiência, aproveito para realçar que continuo sem perceber como algumas editoras descuram o papel positivo da internet enquanto meio de comunicação, numa perspectiva que foge claramente à realidade que nos rodeia.