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Não posso deixar de comparar Hansel & Gretel com The Sleeper and the Spindle – ambos de Neil Gaiman, vieram juntos na mesma encomenda, e foram lidos com um dia de diferença. Mas se The Sleeper and the Spindle se tornou numa das melhores leituras recentes, Hansel  & Gretel tornou-se numa das mais esquecíveis, e duvido que esta impressão tenha sido resultado da expectativa.

Em Hansel & Gretel a história é exactamente aquela que conhecemos, divergindo, apenas, num detalhe: não existe madrasta, e é a mãe que instiga o marido a abandonar as crianças, como forma de sobreviver à fome, alimentando menos duas bocas. Apesar de resistir durante algum tempo o lenhador acaba por ceder e deixa as crianças por duas vezes na floreta. Na primeira regressam seguindo as pedras que deixaram cair durante o caminho, na segunda os pedaços de pão que deixaram vão sendo comidos pelos animais e acabam perdidos.

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Novamente, não consigo deixar de comparar as imagens dos dois livros. Em Hansel & Gretel as imagens totalmente negras ocupam a totalidade das páginas, detalhando-se apenas o que interessa no conjunto. O que até se torna interessante nalgumas (como a apresentada acima), mas que noutras transforma a página numa imensidão negra e desinteressante.

E se nem na história, nem nas imagens este livro acrescenta algo, pouco há também a dizer das personagens, que pouco pensam ou dizem que não exista já na história tradicional, da qual esta não diverge. E este foi um ponto de grande desilusão já que, por mais fraca que seja a história, Neil Gaiman é exímio em criar empatia para com as personagens, conferindo-lhe uma densidade que nem sempre é comum em histórias de fantasia.