Conhecido por ser um contador de histórias exímio, Neil Gaiman não constrói, em M is for Magic uma colectânea excelente. Várias histórias são esquecíveis mas, felizmente, algumas, poucas, também são muito boas, como uma história que serve de complemento ao fabuloso The Graveyard Book. O título do livro será um tributo a Ray Bradbury, com os seus R is for Rocket e S is for Space, e, tal como estas duas colectâneas, pretende ser um conjunto de histórias para um público mais novo.

A colectânea começa com um caso de crime que decorre no Mundo das Maravilhas de Alice, contexto que vamos percebendo ao longo do livro consoante as personagens nos vão sendo apresentadas. É um conto engraçado, mais pelo enquadramento do que pelos factos que ocorrem.

Troll Bridge, o conto que se segue, é uma boa história, melancólica e trágica de um rapaz que, desde cedo, encontra o Troll de uma ponte, oferecendo-se para voltar mais tarde, com mais vivências, por forma a não ser comido logo. Ao longo da vida volta a encontrar o Troll e consegue adiar a sua sorte – em todos os encontros vão demonstrando o seu carácter pouco sólido.

Em How to sell the Ponti Bridge um conjunto de ladrões e trapaceiros reúne-se e fala das suas façanhas, diminuindo o famoso truque de vender monumentos históricos a incautos. O que não sabem é que um dos seus mais ilustres elementos conseguiu vender a ponte, não uma mas várias vezes, num crime sem mácula que nunca será denunciado.

Outro dos contos de destaque é Chivalry que nos apresenta uma velhota que consegue o Cálice Sagrado numa loja de objectos de segunda mão, fazendo com que os cavalheiros da Távola Redonda se apresentem à sua porta com oferendas várias para trocarem pelo Cálice.

Após How to Talk to girls at parties (que me ficou entalado na garganta tal como a banda desenhada que neste conto foi baseado) temos Sunbird onde um conjunto de figuras se reúne para cozinhar e comer animais míticos, chegando a vez da Fénix. A este conto segue-se The Witch’s Headstone, um conto que se centra na mesma personagem que The Graveyard Book e que mostra que é um mundo com capacidade para apresentar outras histórias interessantes.

M is for Magic não é uma colectânea excelente por ter alguns contos de premissa estranha que não me satisfizeram. Ainda assim possui histórias extraordinárias e divertidas com uma boa diversidade – decerto qualquer pessoa achará, no conjunto, alguns contos que a satisfaçam.

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