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O Japão é um lugar estranho – e é esta estranheza que Peter Carey nos transmite. Depois de ter sido contagiado pelo filho no interesse por Anime e Manga, decide-se a visitar o país com um roteiro alternativo e pouco tradicional, centrado em visitar estúdios e conhecer pessoas envolvidas na indústria animada, em busca daquilo que designam como o Verdadeiro Japão.

Decerto que o Booker Prize que venceu (por duas vezes) ajudou a abrir algumas portas, mas é com um olhar totalmente ocidental que nos descreve os sucessivos mal entendidos – interpretações erradas ou simplesmente confusas, onde se denota a falta de subtileza ou de perspectiva cultural. Quer a evolução da cultura japonesa, quer o trauma dos bombardeamentos sucessivos tornam a compreensão difícil para os forasteiros, das múltiplas derivações de um filme animado que possui muitos indícios de algo mais do que uma simples aventura infantil.

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Por várias vezes vemos Peter  Carey insistindo (até em demasia) em questões que deixam os visados confusos pelas ligações incompreensíveis, ou tentando tirar conclusões precipitadas – as diferenças culturais, sejam de índole histórica, sejam de índole quotidiana, impedem que as duas partes se compreendam e chegam a aborrecer os dois lados da barreira cultural.

No entanto, são realmente estes detalhes que me levaram a gostar do livro. Peter Carey não tenta fazer-se passar por um entendido, mostrando confusão e ignorância (às vezes até arrogância) quando tenta depreender erradamente relações de causa efeito na cultura japonesa. Apesar de descrever os japoneses como gentis, apercebe-se que é percepcionado como mal educado, pela forma directa com que se dirige e age perante os restantes. Mas dadas as diferenças culturais, quem poderia ter-se saído melhor, não tendo estudado detalhadamente os hábitos e costumes?

Em Portugal este livro foi publicado pela Tinta da China, em duas edições, uma de capa mole e outra de capa dura.

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