Se nalguns livros de banda desenhada o aspecto é a primeira característica a fascinar-me e a convencer-me, neste foi decerto a premissa futurística onde reinam as máquinas numa recordação não muito distante de Battlestar Galactica e de outras produções que já entraram no colectivo.
O aspecto gráfico não é dos meus favoritos – se em Low a pouca definição dos desenhos funciona principalmente nos grandes planos conferindo estranheza e simultaneamente fascínio, factor que é exacerbado pelas cores exuberantes, aqui torna as expressões pouco perceptíveis. Esta característica não se estende às páginas sem coloração que primam pelo maior detalhe. As cores mais homogéneas, contrastando leves azuis e leves vermelhos não ajuda. Ainda assim, quando se começa a ler, a história ganha vida própria e o conjunto funciona muito melhor do que esperava – no final já nem me recordava da pouca definição das imagens.
Num futuro distante, numa realidade em que os seres humanos colonizaram outros planetas e se convive com outras espécies extraterrestres inteligentes, os robots revoltam-se e iniciam duros ataques sobre os humanos.
TIM-21, um robot com forma de rapaz, construído para fazer companhia a crianças acorda dez anos depois do primeiro ataque. Depressa descobre que se encontra sozinho, mas continua fiel à sua programação e preocupa-se com sua família, apesar da guerra vigente.
O despertar de TIM-21 accionou uma série de alarmos – salteadores sanguinários, forças oficiais e outras máquinas. Valioso em material e informação é caçado por esta ordem num crescente de rigidez e seriedade. Se os salteadores são perigosos, as forças oficiais detém um poder mais subtil e capaz, mas ainda assim acabam interceptados por forças alienígenas com objectivos ainda mais destruidores.
Ainda que a abordagem seja diferente, é impossível não comparar esta banda desenhada ao Universo de Battlestar Galactica. Em Descender a civilização humana não sucumbiu e afastou os robots, mas continua a viver em guerra. Por outro lado, aqui a história é contada principalmente do ponto de vista do pequeno robot que, no meio de todos estes interessados apenas quer procurar a sua família, lembrando o filme A.I e despertando, obviamente, um pouco da história de Pinóquio, onde, um menino artificial não se consegue tornar totalmente um rapaz verdadeiro. Ainda não atingimos essa fase – aqui o pequeno robot apenas afirma as suas intenções em procurar aqueles que um dia o acolheram.
O ambiente expressa alarmismo – as pausas são poucas e os imprevistos sucedem-se construindo episódios de elevada acção. Este primeiro volume não deixa perceber se esta sucessão terá um verdadeiro fio condutor – não visível pela perspectiva apresentada, ou enrolada pela sucessão frenética de acontecimentos cada vez maiores. Mas este é apenas o volume introdutório e estou curiosa para perceber como se irá desenvolver a história.
É impossível não sentir um misto de simpatia pelo jovem e bem intencionado robot e de nostalgia pela lembrança de outras produções da ficção científica que envolvem máquinas inteligentes, por todos os detalhes referidos anteriormente. Mas em pouco tempo estes sentimentos poderão transformar-se em irritação se a história não criar mais mistérios e melhorar o foco. Uma série que irei, sem dúvida, seguir nos próximos volumes.