Com um visual curioso e uma descrição fantástica, Isola é uma das últimas séries da Image que iniciei a leitura, esperando algo talvez dentro das linhas de Monstress, pelos toques orientais que me parece ter a arte. O resultado tem elementos interessantes mas é, no conjunto algo desapontante – uma história com detalhes que poderiam ser explorados de melhor forma, um visual que tem dificuldades em expressar os saltos temporais e um excessivo foco na personagem principal que retira qualquer possibilidade de percepcionar uma história global. Passo a detalhar.

A história decorre num mundo fantástico onde uma rainha se transformou num tigre. Desconhecemos como ou porquê, mas acompanhamos uma soldado, Rook, que permanece fiel à sua rainha e que a acompanha, afastando-a da cidade por saber que se lá entrarem o tigre será, decerto, morto. Sabemos que a soldado é a capitã da guarda da rainha, mas mesmo assim é difícil de percepcionar a razão para tal nível de dedicação – que se pode dever apenas a honra e a responsabilidade, mas não existem pistas suficientes sobre tais razões. A história é, basicamente, isto. Uma viagem das duas, tigre e capitã da guarda, pelas montanhas, tentando encontrar uma solução para a situação.

Em relação aos toques orientais, estes encontram-se presentes. Para além de alguns detalhes na arte encontramos, também, a dedicação da soldado à rainha (ainda que, novamente, ficamos sem perceber se existe algo mais no seu relacionamento e a questão da dedicação não seja totalmente explícita). Também o aparecimento abrupto de alguns grupos de malfeitores recorda algumas aventuras de anime ou mangás.

Já a narrativa é quase linear, excepto por alguns saltos temporais que nem sempre são percepcionados devidamente. O foco de toda a história é a dupla soldado / rainha, mas dando mais protagonismo à soldado do que à rainha. Sem outras perspectivas ou a apresentação de episódios decisivos que expliquem como a dupla chegou a esta situação, este primeiro volume torna-se meio desapontante. Existe, ainda, uma outra personagem que parece ter o papel de guia mas que, também, não convence.

No final fica-me a sensação de falta de plano global para a história. Ou uma falha em planear devidamente o crescer da expectativa ao leitor, ou o deixar pequenas pistas que poderiam ajudar a revelar os mistérios. Existem alguns obsctáculos mas todas as circunstâncias parecem mais fantásticas do que reais, fazendo com que não me tenha sentido absorvida com este mundo. Conclusão? Talvez leia o segundo volume mas existem, de momento, várias séries mais interessantes pelas quais nutro bastante mais interesse. Achei que em qualidade gráfica o volume é razoável (as páginas conseguem apresentar excelentes gravuras, ainda que tenha problemas com a forma como a luz se propaga nalgumas delas) mas que é em termos narrativos que precisa melhorar.