Entre novos jogos de tabuleiro e novos livros, eis o que se destacou durante o mês de Agosto.

Jogos de tabuleiro

Dr. Eureka

Dr. Eureka é um jogo que pretende melhorar a motricidade fina e o raciocínio e tem como objectivo fazer, com as bolas nos nossos tubos de ensaio, fazer o mesmo padrão que se encontra descrito nas cartas. O jogador a conseguir realizar este objectivo ganha a ronda. O primeiro a conseguir ganhar 5 rondas, ganha o jogo. Ainda que pareça (e seja) um jogo destinado a um público mais infantil, tem feito sucesso como party game, envolvendo jogadores inexperientes e tornando-se, rapidamente, viciante.

Century: A New World

Terceiro jogo de uma trilogia de jogos independentes (mas que podem ser combinados entre si para criar novos jogos), este Century consegue utilizar princípios semelhantes ao do primeiro, mas colocando-as num tabuleiro com mecânica de worker placement. Mais complexo que o primeiro, mas, talvez por isso, mais apreciado por jogadores experientes, este Century 3 fez sucesso cá em casa.

Klask

Não é novo cá em casa, mas começou a ser distribuído pelal MEBO em Portugal. É um jogo rápido que precisa de bons reflexos. Os pontos podem ser feitos de três formas diferentes:

  1. Fazer o adversário perder o controlo do manípulo;
  2. Fazer com que, ao manípulo do adversário, se colem dois ímanes;
  3. Conseguir colocar a bola na “baliza” adversária.

É um daqueles jogos que fascina os mais pequenos mas que qualquer adulto quer experimentar e testar os seus reflexos.

Banda desenhada

Sweet Tooth

O auge do mês foi atingido com Sweet Tooth, uma história apocalíptica de Jeff Lemire em que a humanidade é atingida por uma praga avassaladora. Os poucos sobreviventes assistem à degradação da civilização e da sociedade. Mas o ponto de destaque vai para as crianças que começam a nascer após a praga, que apresentam características animais, mais ou menos acentuadas, sendo este o mistério que o autor explora ao longo da série.

Gorazde

Gorazde foi, também, uma das principais leituras do mês, mas por motivos diferentes. A banda desenhada retrata a sobrevivência em clima de guerra, numa cidade que se viu, de repente, dividida entre origens e religião, com vizinhos a tornarem-se cada vez mais hostis. A comida escasseia e os tiros sucedem-se. Joe Sacco, o autor, jornalista, deslocou-se á cidade logo após à inauguração de uma estrada da ONU que lhe permitia entrar e sair do local. Mas os habitantes, esses, continuavam fechados na sua própria realidade. A população encontra-se sub nutrida, pobre, traumatizada e com poucas perspectivas de futuro.

Punk Rock Jesus

Punk Rock Jesus, por sua vez, surpreendeu como história pesada, carregada de acção, mas também de premissas que nos fazem pensar a sociedade e a religião. Fala-se de Jesus Cristo, do IRA, da clonagem, de crença e de reality shows, mas todos estes elementos concentrados numa história forte.

Livros

Um dos livros que mais teve impacto foi Vigilance de Robert Jackson Bennett. Na realidade descrita os tiroteios em massa são autorizados e fazem parte de um espectáculo televisivo que, simultaneamente, apela à corrida às armas e vende direitos publicitários milionários. É interessante constatar como a população reage, achando que a culpa é das vítimas que deviam ter armas para se defender. É interessante perceber como os inimigos começam por ser os outros, e passam a ser os vizinhos.

Máquinas como eu, de Ian McEwan, não é uma leitura dura de ficção científica. Está mais preocupado com os elementos psicológicos e sociais da integração de uma inteligência artificial, usando como factor alienante uma realidade alternativa. Não é uma leitura excelente, mas é uma leitura que escorrega pelos dedos facilmente, podendo ser caracterizada como uma boa leitura para a época de Verão.

City of Miracles, também de Robert Jackson Bennett é o último volume de uma trilogia fantástica de histórias independentes. No mundo em que decorre a acção existiram duas civilizações distintas, uma que se baseia na ciência, outra nos favores dos deuses (milagres). Digo existiram porque, após uma guerra, a civilização da ciência venceu, resultando no colapso de parte das cidades dos perdedores (as estruturas construídas pelos deuses, desapareceram quando estes foram eliminados). Algumas décadas depois, continuam a existir traços divinos que indicam a sobrevivência de algumas entidades. Trata-se de um mundo bem construído e interessante, de premissa simples, em torno da qual o autor desenvolve, de forma competente uma narrativa movimentada.