Conhecido por obras como Phonogram ou The Wicked + The Divine, Kieron Gullen tece, em Uber, uma história de tom bastante diferente que, em comum com as mais citadas contém apenas, um certo tom de misticismo. O cenário é a Segunda Guerra Mundial, mas numa realidade diferente em que a guerra que terá tomado, no final, um rumo bastante diferente.
Após horríveis experiências humanas, as forças alemãs foram capazes de produzir super soldados através da utilização de uma estranha substância. Com uma força e uma resistência desmesuradas, estes soldados possuem ainda elevadas capacidades psíquicas. A sua existência é o suficiente para parecer virar a guerra. Felizmente, os Aliados conseguiram roubar estes segredos militares e estarão agora a tentar construir os seus próprios super soldados, pensando fazer frente ao avanço nazi na Europa.
O tom é negro. As primeiras páginas levam-nos a visualizar bombardeamentos e tiroteios, com pedaços de corpos voando em todas as direcções. Os corpos humanos dissolvem-nos, aparecem caveiras e outros pedaços pouco perceptíveis do que já foi uma pessoa.
Confesso que as primeiras páginas foram cansativas de tanta carnificina. Não por alguma sensibilidade a tanto sangue e restos humanos, mas porque não parecia haver muito mais. Felizmente, a história arranca após estes primeiros episódios, mostrando-nos os elementos que permitiram mudar o curso da guerra.
Em termos narrativos ganha mais interesse após estes cenários iniciais, ainda que tenha chegado ao final do volume sem perceber se é uma história que se pretende levar a sério (apesar das deambulações místicas) ou que se pretende mais leve. Apesar dos episódios mais pesados, o volume termina com um episódio no limite que parece afastar a história de um tom mais sério.
Neste seguimento será uma série que provavelmente me levará a adquirir o segundo volume por conseguir combinar uma boa componente de acção com uma explicação de premissa que gostaria de perceber melhor.