Finalmente leio um volume desta série no seu formato original, de página maior, típica dos francobelgas. Neste caso trata-se de uma edição cuidada da Ala dos Livros que se destaca em todos os detalhes. Sobretudo quando comparada com a edição inglesa dos volumes anteriores.

Mattéo – Terceira Época leva-nos a reencontrar Mattéo em circunstâncias bastante diferentes das dos volumes anteriores. Se, no primeiro, grassa a guerra, e no segundo domina o fascínio pela anarquia e pelo comunismo, neste terceiro encontramos um Mattéo aparentemente mais calmo que parece deixar-se envolver pelas circunstâncias. Mas só parece, rebentando, no final, com o seu usual espírito inquietante e inquieto.

No decorrer de uma viagem de carro, Mattéo pára, com os seus amigos, na terriola onde cresceu. Volta, assim, a ver a mãe – uma força da natureza que se mostra imutável na sua rezinguice. A figura materna não é a única que reencontra nesta visita – a sua paixão de juventude, Julie, que revela, finalmente, a existência de um filho de Mattéo, educado segundo valores que não lhe correspondem.

Em pano de fundo sabemos existir uma Guerra Civil em Espanha, o que, estranhamente, parece ter pouca importância para Mattéo. Apesar do tom revolucionário das conversas com os amigos, Mattéo parece estar adormecido nessas suas tendências, e foca-se em temas triviais durante quase todo o volume.

Apesar de existirem alguns episódios de acção, este volume apresenta-se mais calmo, parecendo deixar para trás a guerra e a revolução. Exploram-se os prazeres da região, agora mais moderna e propensa a turismo de praia e explora-se um trio amoroso onde, estranhamente, Mattéo parece estar de fora. Revelam-se ideias, discutem-se ideologias, mas num tom de revolucionário de sofá, o que não foi habitual em volumes anteriores.

Em termos visuais este volume corresponde ao que estamos habituados em Gibrat, com páginas fabulosas em que predominam os tons pastel, mas destacando-se o realismo do traço que desenha expressões e posturas como ninguém.

Este terceiro volume de Mattéo foi publicado em Portugal pela Ala dos Livros.