Random retrata alguém que está farto. Farto da desconsideração dos seus pares, das micro-agressões verbais e físicas do quotidiano, da falta de respeito. Enfim, do quotidiano numa cidade movimentada e stressada. De máscara em punho, este homem, levado ao limite pelas várias situações que enfrenta, resolve usar um taco de basebol para resolver esses problemas e descarregar todas as suas frustrações. Mas de máscara, claro.

À mínima agressão este homem transforma-se num perpetuador de violência desmedida e responde desproporcionalmente, usando o taco até às últimas consequências. As agressões são cada vez mais excessivas, demonstrando um descontrolo progressivo e uma sensibilidade cada vez maior a cada movimento menos correcto de quem encontra.

Este escalar de violência não terminará bem e o volume inicia com o resultado de um episódio agressivo para, a partir daí, nos apresentar como tudo começou. Desacreditando no Karma proporcionado pelo Universo, e, nitidamente, frustrado com o quotidiano, este homem resolve entregar o Karma com as próprias mãos.

Este volume tem tudo – uma boa linha narrativa carregada de acção, boa caracterização de personagem com exposição de motivações, e um visual fenomenal. O desenho consegue oscilar entre a simplicidade necessária nos momentos de violência, para um maior detalhe em episódios mais pausados. Há expressividade nas faces e nas posturas, destacando-se as pequenas diferenças que conseguem, de forma competente, traduzir o estado de espírito das personagens.

A par com tudo isto, destaca-se o cuidado da edição, com capa de Miguel Mendonça e orelhas desenhadas.  O volume termina com um episódio de Miguel Montenegro (onde a nossa personagem aborda a burocracia dos serviços públicos), e uma ilustração promocional de Jorge Coelho.  

Este volume foi lançado pela Bicho Carpinteiro, recorrendo ao financiamento colectivo na plataforma PPL.