Nomeado para o British Fantasy Award nas categorias Melhor Novela de Fantasia e Melhor Novo autor, Threading the Labyrinth é uma história que cruza fantasmas com elementos de histórias mais tradicionais, para entregar uma história de suspense, quase horror, ao longo de séculos. Trata-se de uma combinação curiosa mas que acabou por não me surpreender de acordo com as expectativas.
A história
Toni, uma mulher americana quase na falência, descobre-se como a herdeira de um antigo casarão no interior do território inglês. A herança parece ser mesmo o que precisa para recuperar o seu negócio – mas para isso terá de vender o casarão, algo que não será tão fácil quanto parece, não porque não existam potenciais compradores, mas porque a casa parece ter uma alma própria que a fará mudar de ideias.
A história de outras personagens intercala-se com a de Toni: jardineiros que, séculos antes, trataram de um antigo e murado jardim onde ocorriam pequenos milagres, os anteriores proprietários do casarão, ou uma antiga empregada que também terá presenciado acontecimentos estranhos nas imediações.
Crítica
A história é lenta e vai explorando, a cada capítulo, a evolução da casa e dos jardins ao longo de séculos. Toni é, de todas as personagens, a que menos achei interessante. Apesar de ser uma das mais centrais e das poucas que é referida do início ao fim, acaba por ser das menos caracterizadas. Serve como motivo para explorar a história da casa, mas é arrastada para as circunstâncias.
A partir de Toni, o enredo vai saltitando, de personagem em personagem, ao longo dos séculos e mostrando a forma como outras vidas foram influenciadas pela casa e pelos jardins. Em todas estas histórias existem elementos fantásticos ou sobrenaturais. Inicialmente, estes elementos são subtis: um homem que desaparece, uma planta que cresce rapidamente, um bebé que se ouve chorar mas não se vê.
Pouco a pouco, os elementos adensam-se. O tempo pára e as visões interagem com quem visita a casa ou os jardins. As pessoas acostumam-se a presenças e ao estranho comportamento das plantas e animais dentro do antigo jardim murado.
E é neste ponto que a história não ultrapassa a fórmula e acaba por falhar na construção de uma visão maior. Em cada história explora-se uma personagem e consegue-se caracterizá-la, mas fica o sentimento de que esta existência é quase inconsequente para o todo, sendo referida apenas para ir demonstrando o que se passa no jardim.
Conclusão
Threading the Labyrinth é uma leitura fluída, mas sem grandes pontos de interesse. Existe algum suspense e alguma expectativa por se perceber o que está a decorrer, mas estes episódios são pontuais e rápidos, sem grande concretização. Desconsiderando a personagem da história actual, as restantes estão bem caracterizadas e distinguem-se na forma de pensar e agir, fazendo parte de um dos pontos mais positivos do livro.
O resultado é uma história agradável, com um fantástico suave que pode ser lida por quem não gosta de grandes aventuras fantásticas. No entanto, não surpreendeu, e corre o risco de se tornar esquecível.