
Jorge Miguel era um nome pouco conhecido em Portugal, apesar do sucesso na banda desenhada franco-belga. Este lacuna tem sido respondida pela editora A Seita que já tinha publicado anteriormente uma banda desenhada de Jorge Miguel, Shanghai Dream. Agora publica Sapiens Imperium que, pela capa e pela sinopse, promete algo bastante diferente.
A história
Um Império Humano persiste na Galáxia. No seguimento de uma nova tomada de poder, alguns humanos são obrigados a viver nas entranhas de um planeta, nos túneis subterrâneos. Sobrevivem em condições questionáveis, através do comércio com uma espécie alienígena. Mas a sua luta não é apenas para voltarem para a superfície – estes humanos estão divididos em duas tribos. Para as gerações mais novas não é fácil de perceber o papel de um chefe e entre rivalidades e ódios, inicia-se uma nova era, carregada de opressão e conflitos.



Crítica
Sapiens Imperium é uma obra que se pode enquadrar na Space Opera, um sub-género da ficção científica, usando alguns dos clichés que lhe são característicos como a existência de um grande Império opressor (pelo menos para alguns conjuntos de pessoas). A abordagem é futurista, mas acaba por apresentar elementos que são comuns aos dias de hoje, como a distribuição pouco igualitária de riqueza e poder.
A narrativa foca-se na perspectiva de algumas, poucas personagens, talvez como forma de ganhar empatia. No entanto, esta vertente não é bem concretizada. Percebemos as motivações dos óbvios vilões (não porque se tenham focado no vilão, mas porque são as comuns) mas a maioria das personagens não possui densidade, acabando por ser arrastada pelas circunstâncias envolventes.
É, sobretudo, uma banda desenhada de acção, sem grande profundidade, que se desenvolve no terreno de outros grandes sucessos narrativos, como Saga. Sim, as circunstâncias específicas das personagens são diferentes, mas na prática acaba por se desenvolver como uma resistência a um grande Império, sendo que não existem características suficientes que distingam este Império de outros existentes noutras narrativas.
Em termos de acção, consegue levar a história numa linha lógica, ainda que, novamente, as personagens sejam arrastadas pelas circunstâncias. Destaca-se o desenho capaz de Jorge Miguel, tipicamente franco belga nos seus elementos realistas, apesar dos detalhes de ficção científica.



Conclusão
Sapiens Imperium é uma leitura agradável, uma Space Opera carregada de acção, com elementos de ficção científica interessantes, mas que acaba por se suportar demasiado nos clichés do género. Destaca-se, para além da capacidade de mover a história, o desenho de Jorge Miguel.



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