Eis um dos mais conhecidos jogos de Uwe Rosenberg, a mente por detrás de eurogames pesados como Agrícola ou Le Havre, ou de abstractos mais leves como Nova Luna. Considerado como um dos melhores jogos para dois jogadores, encontra-se no lugar 93º do top global do Boardgamegeek (pelo menos há data em que escrevo) e em 4º no top de abstractos.

Enquadramento temático

O tema é simples, mas adapta-se bem a este jogo abstracto – construir uma manta de retalhos com pedaços de tecido, aqui representados sob a forma de poliominós que devem ser colocados numa área quadriculada.

O jogo

O objectivo do jogo é construir uma manta de retalhos. Para tal, os jogadores devem adquirir peças de tecido (os poliominós) que são compostos numa área limitada e pré-determinada. Para adquirir as peças o jogador deve escolher a partir de uma pool de três peças, sendo que cada uma tem um custo diferente em botões.

Para além do número de botões a pagar, cada peça indica ainda o número de casas a andar e o número de botões que passa a gerar. Mas afinal, o que é este número de casas a andar? Bem, cada jogador tem um peão que desloca num caminho finito. Quando o caminho termina, o jogador deixa de poder apanhar mais peças. Ao longo do caminho existem checkpoints de botões, nos quais os jogadores obtém tantos botões quanto os gerados pelas suas peças já colocadas.

Desta forma, o jogador deve apanhar peças, mas tem de gerir com cuidado os dois recursos do jogo: os botões que paga por cada uma, e a progressão ao longo do caminho limitado. Este caminho influencia, também, a ordem de jogadores, sendo que a ordem é determinada pela progressão – o que está mais atrasado é o próximo jogador.

Quando ambos os jogadores chegam ao final do caminho, contam-se os pontos. A pontuação é determinada pelos espaços em aberto no final do jogo (que contam como pontos negativos), os botões coleccionados e pela atribuição de pontos como bónus ao jogador que primeiro consegue completar um quadrado de 7 por 7 no seu tabuleiro.

Existem algumas regras adicionais que não detalhei aqui.

Componentes

Patchwork é um jogo relativamente barato (costuma rondar os 20€ sem promoções) para dois jogadores. A caixa é pequena (ainda que pudesse ser ainda menor). Nesta gama não se esperam grandes luxos. O jogo traz apenas o essencial, sendo que as peças são de cartão, não muito grosso, mas o suficiente para não existirem grandes danos passadas várias partidas.

Visualmente, os padrões são agradáveis, sem se tornarem excepcionais. Desde o lançamento deste jogo (2014) têm surgido outros jogos com o mesmo tema que são mais atractivos. Os componentes são essencialmente práticos e resultam bem para o objectivo. Talvez por isso, tenham surgido várias variantes do Patchwork com outros padrões temáticas, como Halloween.

Experiência de jogo

Nas primeiras partidas é usual os jogadores não conseguirem fazer muitos pontos e terminarem com uma pontuação muito negativa. Isto deve-se à má gestão dos dois recursos: progressão no caminho e botões. Por vezes, os jogadores adquirem peças sem botões e são obrigados a progredir sem apanhar peças, o que não é produtivo. Noutras vezes, apanham-se peças que obrigam a avançar demasiado.

Algumas jogatanas depois, percebe-se que Patchwork não tem grande variação – não existem combinações diferentes a fazer por jogo, nem outros objectivos (privados ou públicos) para além da corrida ao 7 x 7 (o primeiro jogador a conseguir fechar uma zona com 7 por 7 quadrados, ganha um bónus). As diferentes sensações de jogo advém apenas da ordem com que as peças estão disponíveis, ou da diferente estratégia de jogo do adversário. Esta “limitação” poderá ser pouco interessante para alguns jogadores.

Outro ponto negativo é a preparação. Todos os poliominós são dispostos em círculo, no início do jogo, em torno do tabuleiro, para formar uma fila. Este elemento tem-nos feito optar, por diversas vezes, em jogar através da app para telemóvel que está muito boa (quer em termos visuais, quer em jogabilidade).

Apesar destes dois elementos, para quem gosta de jogos abstractos, Patchwork é um clássico a que se volta rotineiramente. Este jogo apresenta sempre um puzzle visual estratégico, que vai muito para além do preenchimento de um espaço com peças e que obriga o jogador a balancear e a optimizar os recursos disponíveis.

O tempo de jogo é óptimo para este tipo de jogo, rondando os 20 minutos. Pode ser jogado por jogadores pouco experientes (sendo que a ordem de jogo e a progressão no caminho são os elementos mais difíceis de perceber) ou muito novos (ainda que teoricamente seja para maiores de 8 anos, pode ser jogado com crianças de idades inferiores sem grande dificuldade).

Conclusão

Patchwork é um dos abstractos mais jogados cá em casa, ainda que nem sempre no seu formato físico. Depois de conhecido o jogo, a experiência que proporciona é sempre semelhante, mas cumpre as expectativas de envolvência estratégica para um abstracto.