
Entre séries como Descender e Sweet Tooth, Jeff Lemire é autor de algumas das minhas séries de banda desenhada favoritas. Enquanto desenhador tem um estilo muito próprio, visualmente relaxado que não agrada a todos os leitores. Este Mazebook é um livro de autoria exclusiva do autor.



A história
Tal como outras histórias introspectivas do autor, um momento de trauma marca a vida de uma personagem que parece perdida em si mesma, agarrada ao passado ou, mais especificamente, a esse momento. Neste caso, trata-se de um homem que terá perdido a filha, vítima de cancro. Com o passar dos anos, o rosto da filha parece cada vez menos nítido, levando o homem a uma obsessão cada vez maior em recuperar as suas memórias.
Esta busca levá-o a explorar a cidade enquanto labirinto, em analogia para com os puzzles de labirintos que a filha resolvia rápida e eficazmente, sem cessar. Nesta busca, há-de perder-se, mas também enfrentar os pedaços negros da sua memória.


Crítica
Para quem conhece esta linha narrativa de Jeff Lemire, a narrativa não surpreende. A história consegue envolver e cativar, colocando pequenos detalhes sobre a situação ou sobre a personagem de forma a sentirmos alguma empatia ou pelo menos curiosidade em relação à situação.
Este Mazebook segue a mesma lógica de outros livros do autor, explorando depois o momento chave da narrativa, enquanto leva a personagem numa demanda de auto-exploração, num cenário que mistura momentos reais com ficções, uma mistura de metáfora com momentos metafísicos. Neste caso, a personagem agarra-se às suas lembranças, e terá de as explorar, de forma a ficar em paz consigo mesmo e com os momentos que rodearam a morte da criança.
Ainda que esta morte seja o ponto fundamental da narrativa, é apresentada de forma relativamente suave, com o devido respeito e distanciamento, tomando os contornos de um momento de passagem para aceitar esta tragédia e conseguir ser algo mais.
Em termos visuais, encontramos o tal estilo relaxado do autor – as feições são rudes, os contornos das personagens são toscos. Ainda assim, alguns jogos visuais e enquadramentos são curiosos, conferindo tensão ou reflectindo a confusão mental da personagem. Apesar de não gostar do estilo visual quando analiso friamente as páginas, na progressão da história, a sensação é-me totalmente diferente.



Conclusão
A história não é extraordinária, mas consegue cativar o leitor. Para quem gosta desta faceta de Jeff Lemire, irá encontrar aqui mais uma história interessante. Pessoalmente, não encontrei muito de novo nesta narrativa, apesar de ter gostado da leitura.


