
A Editora A Seita fechou o ano 2022 com uma série de novidades, entre as quais esta história em um só volume, O Cavaleiro do Unicórnio. Para além deste, lançou Noir Burlesco, de Marini, Nautilus e o segundo volume de Butterlfy Beast.



A história
Um Cavaleiro da Ordem dos Hospitaleiros luta pelo rei da França na batalha de Crécy, no início da Guerra dos Cem Anos. Este cavaleiro, Juan de la Heredia, oferece ao rei de França o seu cavalo e enfrenta a batalha num acesso de fúria. Mas, sobrevivendo e feito prisioneiro, a sua coragem e sacrifício, não lhe valem a atenção do rei, e acabará, algum tempo depois, como um homem perdido e louco, em busca de uma criatura mítica que só ele vê.


Crítica
Entre o tom da realidade da batalha e da miséria que envolve a personagem principal, encontramos o objectivo surreal e fantástico que o irá guiar, durante algum tempo, após a sua libertação. Estes dois elementos, o peso da realidade onde a personagem é um louco, e os episódios fantásticos que só ele pode ver, criam oposições narrativas e visuais que movem a história. Até porque sem estas oposições, ou melhor, sem a componente fantástica, a história não tem grande desenvolvimento.
Mas é, sobretudo, na parte visual que este volume se destaca. As imagens iniciais da batalha são espectaculares, reflectindo, simultaneamente, a confusão da batalha, mas também dando destaque a flashes de movimentos e de golpes fulcrais no meio do caos. As imagens são detalhadas o suficiente, realistas, mas não tão detalhadas que se perca o foco no fundamental a cada momento.
Após a batalha, o visual mantém um excelente nível, com paisagens espectaculares e sucessões de imagens que conseguem transmitir o que se passa sem recurso a palavras. Ainda que os momentos de surrealidade consigam ser extraordinários, as partes mais realistas e movimentadas conseguem, mesmo assim, ser interessantes do ponto de vista visual, o que nem sempre acontece em narrativas deste género.



Conclusão
O Cavaleiro do Unicórnio é um livro que me surpreendeu sobretudo do ponto de vista visual. A história em si não tem grande complexidade ou elementos originais, apresentando um homem, que, após a batalha, parece ter momentos de loucura. Mas nesta premissa narrativa relativamente simples, os desenhos criados são muito bons, quer na forma como as imagens se sucedem e se expõem, quer isoladamente pelos detalhes e coloração que apresentam. Visualmente é um volume brutal.