Eis, finalmente, o quarto e último volume da série Ascender! A série, spin-off da famosa Descender da mesma dupla de autores, regressou ao mesmo mundo, anos depois, mostrando como a partida das máquinas deixou o Universo ao rumo da magia, usada por um grupo de bruxas maléficas – um conceito oposto ao extremo da tecnologia que podemos ver em Descender.

A série Ascender inicia-se 10 anos após Descender, mostrando-nos a filha de Andy e Effie, Mila – uma criança indomável, que se mete facilmente em sarilhos. A criança vive apenas com o pai, num planeta que parece dominado por uma ditadura sangrenta. Ao invés da elevada tecnologia e desenvolvimento, encontramos uma sociedade em decadência, onde a magia impera e a ignorância se parece instalar.

Após este momento inicial, a história salta para momentos mais movimentados, mostrando-nos como um robot encontra Andy e a filha Mila, iniciando uma perseguição à família por parte do regime. A partir daqui, os dois separam-se, e prosseguem aventuras separadas, encontrando aliados e inimigos, saltitando de planeta invulgar em planeta invulgar.

A história, mais curta e menos envolvente do que Descender, parece prosseguir por um caminho oposto, ainda que vá encontrando algumas das personagens da outra série. Voltamos a encontrar os fisicamente imutáveis robot, e os psicologicamente afectados humanos que, traumatizados pelas circunstâncias lutam consigo mesmos sobre o percurso a seguir. Voltamos, também, a encontrar a luta entre o bem e o mal, aqui mais polarizado – os maus são imorais, traiçoeiros, ambiciosos e capazes de torturar e matar.

Ao longo dos volumes da série vemos o reencontrar de velhos conhecidos ou amigos – mas ao contrário de viverem as grandes aventuras como em Descender, a história tem um final abrupto, fechando rapidamente com um grande confronto. Este volume parece fechar quer Ascender, quer Descender, e não me parece que o autor vá retornar ao mesmo Universo ficcional. Pelo menos, não tão cedo.

Descender e Ascender são, como o nome indica, opostas em conceito. Uma inicia-se numa civilização com elevada tecnologia, enquanto a outra se inicia num Império em que a tecnologia foi banida e todas as funções exercidas pela tecnologia são-no agora pela magia. Mas existem mais elementos de percurso oposto, como encontros que se transformam em desencontros.

Entre as duas séries, este último volume fecha o ciclo de forma satisfatória, ainda que tenha quebrado um pouco o crescente que se esperava para tornar Ascender numa série épica. Diria que, no final, desenvolve-se pouco de forma isolada, usando personagens e acontecimentos de Descender e não chegando a construir, para si própria, uma autonomia que permita vê-la como uma série completa em si mesma.

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