
As melhores livrarias do mundo não são as que pensamos é um texto bastante pequeno que se centra no prémio Bookstore of The Year Award, debruçando-se sobretudo na livraria Readings de Melbourne. Nela sentimos algum sarcasmo do autor, quer pelo título, como pelo questionar sobre as escolhas. Não que a Readings não seja uma excelente livraria – destacando-se pelo seu papel na sociedade. Mas porque as escolhidas acabam por ter livros em inglês nas suas prateleiras.
Viagem ao fim da Luz. Caminhando em Londres com Iain Sinclair acaba por ser uma surpresa curiosa. O texto começa por entregar exactamente aquilo a que se propõe, falando da experiencia de caminhar na cidade de dia e de noite, parando numa livraria e falando sobre livros. Surpreende quando apresenta as transformações literárias da cidade em várias obras, acabando por referir autores como Ballard, Moorcock e Alan Moore – autores de ficção especulativa, o que costuma fazer deles uns malditos impronunciáveis em textos de intelectuais. Não Ballard, claro, que parece ser admitido no circuito, sob argumentações forçadas.
Refere-se Mother London (que tenho, mas ainda não li) ou a série Cornelius ou From Hell. Faltam várias outras referências claro. Até iria mais longe e falaria de vários livros que transformam a cidade em lugar mágico, sendo impossível não recordar Dormir com Lisboa de Fausta Cardoso Pereira.
Já o próximo texto, As Bibliotecas mais importantes do mundo, se calhar teria ficado melhor ao lado das melhores livrarias do mundo. Mas trata-se efectivamente de um texto muito diferente. Falando de bibliotecas de arquitectura imponente, mas opondo-as àquelas que suportam as comunidades de forma mais subtil – e talvez mais impactante. Temos, portanto, a canoa literária (um género de biblioteca móvel, mas que percorre os rios), ou a mochila viajante.
Estes dois textos destacam-se pela abordagem, começando como duas crónicas normais, mas apresentando perspectivas insuspeitas e referências curiosas.