Eis, finalmente, o meu texto sobre a Leiriacon 2023! Depois de já ter relatado a experiência anterior duas vezes (em 2019 e em 2022), desta vez vou focar-me nas diferenças desta edição. Primeiro que tudo, voltou a ser uma experiência em família, mas para além da criança, tivemos alguns familiares que quiserem experimentar também o evento (resultado das noitadas de jogos cá em casa).
As experiências de jogo
Por oposição à edição do ano passado, a de este ano voltou a ser uma experiência sem máscaras e com maior proximidade entre as pessoas. O número de presenças pareceu-nos ser maior do que no ano passado. Dado termos um jogador mais novo este ano, optámos por experimentar jogos mais leves ou mais acessíveis. Começámos logo por um The Quacks of Quedlinburg, ainda que tenhamos o jogo em casa. A edição que estava no evento possuía um insert espectacular com várias caixinhas que permitiam separar todos os componentes. Terminámos a noite com um rápido Pistas Cruzadas, também já nosso conhecido.


No dia seguinte, começámos também outro conhecido , Century na edição Golem e passámos a um Wandering Towers da dupla Kiesling & Kramer – um jogo que rapidamente se tornou um favorito para grande número de jogadores e que viríamos a experimentar, ainda na Leiriacon, com um maior número de jogadores.


Outra das novas experiências foi Cubitos, um jogo de corrida com dados, em que se vão adquirindo novos dados com novos poderes para dar a volta mais rapidamente ao tabuleiro. É um jogo colorido, com algumas acções originais, que podem ser encadeadas de forma divertida. Ainda assim, não nos fascinou. A gestão dos dados não é fácil de perceber (aliás, só após uma explicação em pessoa é que conseguimos), e a corrida alongou-se demasiado. Esta primeira experiência foi a dois jogadores e já vi que, segundo o boardgamegeek, a melhor experiência será a quatro jogadores. Mas por enquanto não fiquei com vontade de lhe dar uma segunda oportunidade.

Dada a quantidade de pessoas conhecidas que tínhamos no evento, optámos por jogar também jogos sociais, como Saboteur. Não foi a primeira vez com este jogo, mas com sete jogadores a experiência foi bastante mais divertida e dinâmica. Nos entretantos fomos à feira de usados, e pegámos este Oshi, um abstracto de regras fáceis e percurso clássico, ainda que nos recorde vários outros que temos.


Para além de experimentarmos jogos novos (e com outras pessoas) outro dos pontos interessantes neste tipo de eventos, é podermos saber as novidades e experimentarmos jogos que estão a ser lançados (ou por lançar) pelas editoras. Foi nesta ronda que pudemos experimentar Hokito, um jogo numa colecção de abstractos que será lançada no nosso mercado nos próximos meses. Quando terminámos, quisemos adquirir, mas infelizmente ainda não é possível. No entanto, o jogo encontra-se disponível no boardgame arena. Hokito proporciona uma sensação de jogo clássico, com regras simples de compreender e de aplicar, mas que, com o decorrer do jogo ganham complexidade no desdobramento de possibilidades. A par com a elegância nas regras e experiência de jogo, o visual é minimalista mas agradável.

As Compras

Entre os jogos usados, as ofertas das editoras e as aquisições na loja, eis o nosso espólio. Ainda não tivemos oportunidade de jogar todos, mas Zoxso foi uma boa surpresa. É um abstracto que, apesar do aspecto datado, tem mecânicas simples mas interessantes, com movimentos diferenciados de acordo com a face da peça que se encontra disponível. Resistance tem feito muito furor como party game para grandes grupos de jogadores. Código Secreto Dueto é uma boa variante do jogo para dois jogadores, e Fantasy Realms também já proporcionou umas jogadas rápidas.
O Hotel

Este ano voltámos a ficar nos quartos no hotel e não nas casinhas, mas como éramos três, o quarto era bastante maior. A grande diferença foi termos experimentado a formidável piscina, à qual apenas tenho o ponto negativo de não ter duches no local.
As próximas novidades
Para além de experimentarmos alguns jogos novos (os que foram possíveis) pude estar nas sessões das editoras Devir e Mebo, que anunciaram as próximas novidades.
MEBO
Um dos primeiros anunciados pela MEBO foi A Game of Cat & mouth, um jogo de aspecto psicadélico e divertido em que se destacam os olhos que servem como marcadores de pontos. Outro dos grandes destaque foi The Wolves, um jogo que tem como tema a alcateia de lobos, e cuja progressão de jogo promete uma experiência imersiva.

A Mebo também anunciou Splito, um novo Story Cubes, De 1 a 10 (um novo jogo social) e Qawale (que já cá temos e experimentámos – um abstracto elegante com mecanismo de mancala que surpreende pela variedade de estratégias possíveis).


Vaalbara, uma das novidades previstas também para Abril (tal como De 1 a 10) é um jogo de gestão de mão com poderes diferentes de jogador para jogador (consoante as tribos) onde se tenta conquistar territórios. Cada tipo de território terá uma forma diferente de pontuar. District Noir, um jogo para dois, também de gestão de mão, mas com bluff, está previsto para Maio, tal como um Dobble Disney.
Já para Junho, Mech a Dream, Triqueta e Tummple mix. Será que as máquinas sonham? Diria que neste Mech a dream parecem faltar as ovelhas! Neste caso parece um jogo de gestão de recursos onde existem diferentes momentos do dia em que diferentes acções são optimizadas. Um conceito curioso que estou interessada em experimentar. Já Triqueta encaixa-se na categoria dos abstractos pelo que o interesse nele é imediato cá em casa.
Próxima estação tokyo faz parte da mesma linha do Próxima estação Londres (como o nome indica) e estará previsto para Julho, tal como Profecia. Agosto trará Stranger Things (um jogo com o tema da série) e o tão esperado Neotopia, um jogo de autoria de Orlando Sá que já o ano passado poderia ser visto entre os protótipos disponíveis.


Setembro deverá trazer vários jogos sociais como Exploding Kittens, Zombie Kittens, Atira Atira Burrito, bem como duas Brainbox (Mundo e Imagens). O ano deverá fechar com Dixit Disney e Tinta Fantasma (um jogo que me despertou interesse).

Devir
Bem, as sessões da Devir decorrem sempre de noite e chego sempre com pouca bateria.. neste caso cheguei tarde pelo que as fotos do fundo da sala também não são muito bonitas – apresento antes fotos oficiais dos jogos. A primeira novidade foi uma nova edição de Onirim, um jogo rápido de gestão de mão, para um jogador, ou para dois em modo cooperativo. A segunda foi um novo Exit, desta vez com o tema de O Senhor dos Anéis, chamado Sombras sobre a terra média.
A terceira foi Bamboo, um jogo do mesmo autor que Bitoku. Já tive oportunidade de o jogar e é um jogo curioso, com uma forma de gerir acções que ainda não tinha visto. O jogador tem uma série de tokens que indicam que acções pode usar. Ao usar estes tokens irá colocá-los no tabuleiro central, empurrando e disponibilizando outros tokens de acção. Os tokens podem ter quatro cores diferentes que correspondem a quatro templos diferentes e o seu uso determina maioria no templo respectivo. Ao usar as acções, o jogador não só irá tentar escolher quais as acções que poderá usar de seguida, mas também em que templos irá investir. Apesar de ser um jogo de complexidade média, a novidade de alguns mecanismos fez com que as primeiras jogadas fossem difíceis de antecipar.



Outra das próximas novidades é uma nova versão de Lost Cities do Knizia em Roll & Write. Segue-se Savernake Forest, um jogo com aspecto fofinho onde se constroem caminhos para que os animais consigam chegar à sua comida favorita. O jogo, de baixa complexidade, tem como mecanismos principais a colocação de peças e a construção de padrões.
Segue-se o jogo Ierusalem Anno Domini, o pesado do grupo. Este jogo terá como particularidade o ter sido o primeiro de Carmen García Jimenéz, que, sendo estudiosa de assuntos bíblicos, terá usado a sua grande experiência como jogadora para criar este jogo. Sem dúvida um dos jogos pelo qual mais me interessei do conjunto.



Entre as novidades, encontramos uma nova edição de um clássico de Vlaada Chvatil – Dungeon Petz. E Knizia parece estar em alta nos lançamentos Devir, com um pequeno jogo, High Score que combina dados com push your luck. Terra Mare encontra-se também entre os próximos lançamentos – um jogo entre 2 a 4 jogadores que já joguei a 2. É um jogo assimétrico em que cada jogador pontua de acordo com uma parte diferente do mapa – um é a terra, o outro é o mar; colocando peças de forma a maximizar os seus pontos e a minimizar o do outro jogador.



Para além de novos jogos pokect (Blind Business e Yokai sketch) podemos encontrar Kites, um jogo que tem feito furor internacional pela quantidade de ampulhetas que possui. Será um jogo cooperativo em tempo real que já está nomeado para alguns prémios enquanto melhor cooperativo e melhor party game.



Para quem gosta dos Exit, Sombras sobre a Terra Média não será o único a ser lançado este ano, com Regresso à cabana abandonada. Come nachos é um jogo de caixa peculiar e peças triangulares que poderá vir a ser confundido com um petisco para a noite de jogos. Deste conjunto, 3 Ring Circus despertou-me maior interesse, tendo como tema a gestão de um circo. Para tal, levamos o espectáculo ao longo de cidades americanas, aproveitando a viagem para contratar os melhores artistas.



A colecção pocket é uma das grandes apostas, com mais jogos programados: Autumn e Flash10, este último de Wolfgang Kramer. The White Castle é o próximo jogo dos autores de The Red Cathedral, com colocação de dados trabalhadores e gestão de recursos. Dado o sucesso de The Red Cathedral, será um dos jogos que manterei debaixo de olho.



Quase a fechar as novidades para este ano, encontramos Samoa, um jogo de cartas que combina dedução e bluff. Go Cuckoo será a grande aposta para o público infantil , sendo do mesmo autor que o Monstro das Cores. Quase, quase a fechar, a Devir anunciou Marrakesh!


