Depois de lançado um primeiro volume da série italiana de Dampyr pela editora Levoir (em parceria com o jornal Público, na colecção Bonelli), eis que surge um segundo, mas desta vez pela nova editora A Seita. Trata-se de uma história curiosa – não só porque decorre em Portugal, mas porque apresenta alguns factos verídicos e os usa para tecer uma história ainda mais fantástica.

Alesteir Crowley foi um conhecido ocultista, mágico, poeta, escritor e pintor (entre outras coisas) que ficou conhecido na Europa pelo seu comportamento questionável e pelos vários episódios sórdidos. Dada esta descrição, diria que a sua amizade com Fernando Pessoa poderia parecer pouco provável, mas ambos partilhavam o interesse pelo esoterismo e é exactamente esse interesse que levará a um verídico episódio mirabolante em Portugal, em 1930.

Aproveitando o encontro de ambos em Lisboa, que culminará com o desaparecimento de Crowley, esta aventura de Dampyr cruza este acontecimento com o Terramoto de Lisboa de 1755. Explora-se, desta forma, um cenário tipicamente lisboeta em diferentes séculos.

A história começa com as noites de fado no bairro alto, focando-se em Fernando Pessoa que é confrontado pela polícia por ser a última pessoa a ver Crowley vivo. Mesmo sendo uma figura desconfortável, o súbito desaparecimento do mágico causa algumas movimentações diplomáticas.

A este mistério somam-se as visões de Ann da cidade de Lisboa durante o Terramoto de Lisboa – dois acontecimentos que estarão ligados e que levarão Dampyr a Lisboa, mais concretamente à Quinta da Regaleira para impedir a concretização de um evento de inspiração Lovecraftiana.

Com fortes elementos portugueses (sejam a história, as músicas ou as personalidades), Dampyr centra-se na investigação sobrenatural de uma série de acontecimentos que decorreram em Lisboa – acontecimentos que podiam originar catástrofes Cthulhianas.

Trata-se de um volume movimentado, carregado de referências históricas que proporciona uma leitura leve com vários elementos reconhecíveis pelos leitores portugueses.