
Eis o quarto e último livro da série Revival. A premissa é simples e é, de forma esquemática bem aproveitada – numa pequena terriola americana os mortos deixam de estar mortos. A morte suspende-se apenas neste local, provocando uma avalanche de jornalistas e curiosos ao local. Sucede-se, claro, um cerco militar com o objectivo de se perceber a existência de uma ameaça. Ninguém pode entrar ou sair sem autorização.

Mas, o que acontece às pessoas que já não estão mortas? E aos seus familiares que já tinham feito o luto? Bem, os primeiros têm-se revelado mais ligados às irritações, incapazes de ultrapassar determinadas fixações. Não havendo a noção de uma finitude, alguns propósitos deixam de se justificar. Paralelamente, nem todos os familiares respondem adequadamente, sejam por razões religiosas ou psicológicas.

Neste quarto volume encontramos os revivos presos nas instalações militares, enquanto estes tentam descobrir a relação entre os que retornaram da morte e os seres que deambulam nas florestas – transparentes, de figura semi-humanóide, parecem estar associados aos revivos e ser atraídos por eles.

Ainda que a premissa seja desenvolvida de forma competente, resultando em ramificações lógicas e interessantes (tanto do ponto de vista comportamental, como económico), em ternos narrativos, esta série tem alguns pontos deficientes. A história está permanentemente em tensão, com poucos (ou nenhuns) pontos de relaxe. Uma tensão que resulta em momentos mais violentos, mas aos quais não se sucedem episódios de calma. Esta tensão constante pode tornar-se cansativa quando se tenta ler um livro de seguida.

Nalguns pontos, os eventos parecem servir um determinado propósito e algumas personagens são meio arrastadas para os eventos. A linha narrativa neste quarto volume não é totalmente clara e torna-se confusa nalguns momentos. Mesmo o final parece apressado, e sem pistas nos volumes anteriores que permitissem chegar a tal conclusão.

Por outro lado, vão surgindo novas personagens que proporcionam novas dinâmicas, mas sem grande contexto. A história vai seguindo várias personagens mas acaba por não se criar grande empatia para com nenhuma. Parte dos eventos a que assistimos não acrescentam grande coisa à história no seu todo.

Entenda-se, estou a focar-me demasiado nos pontos que poderiam ser melhorados. Revival é uma boa série, mas poderia ser bastante melhor. Ao longo de toda a série foram surgindo eventos surpreendentes e emocionantes. Existem contornos arrepiantes que mantém a intriga: os revivos parecem comportar-se como pessoas normais, mas, ao mesmo tempo, parecem ser movidos por um propósito diferente. Também as criaturas que deambulam no bosque vão criando um mistério paralelo mas interligado ao dos revivos.

O que me leva a descarregar os pontos negativos, é perceber que existe toda uma componente competente, tanto na exploração da premissa, como no desenho e no desenvolvimento da linha narrativa. O problema são alguns detalhes que não estão na história e que a poderiam transformar em algo muito bom.