
A Coroa de Jesus é um romance histórico da autoria de André Mateus, conhecido no meio como autor de banda desenhada. Este será o seu primeiro romance, onde segue dois templários que pretendem obter a coroa de espinhos que terá sido de Jesus. Esta coroa poderá ter um papel importante na pretensa ao trono português e justifica a interligação com a narrativa que segue D. Sancho II e a rivalidade com o irmão mais novo, Afonso. O resultado é movimentado, intercalando várias batalhas com momentos passados das personagens, como forma de as caracterizar.
A História
Gonçalo Martins e Lourenço Gomes serão dois cavaleiros templários que se deslocam à Terra Santa com objectivos diferentes dos restantes – obter a coroa de espinhos. O percurso de ambos é conturbado e a missão falha quando são atacados por um bando de fora da lei lei, levando-os a cair em desgraça na ordem. Assim começa a aventura onde falhados e vencedores se voltarão a encontrar, quase duas décadas depois.
A coroa de espinhos será uma peça fundamental para D. Sancho II manter o trono, um sinal divino e incontestável. E é assim que Gonçalo Martins e Lourenço Gomes voltam ao local onde caíram em desgraça para recuperar o objecto. Uma missão na qual estabelecerão uma aliança com Kaya, uma mulher que anos antes fazia parte do bando, mas que se terá afastado dos que mais gosta.
O ambiente é, claro, de suspeita. Apesar de precisarem de Kaya, o seu papel no roubo da coroa e a anterior inclusão no bando fazem com que a confiança seja escassas. Mas o espírito combativo e os sacrifícios que vai fazendo ao longo do percurso lá convencem os parceiros a confiar nela.
A narrativa
A história segue, fundamentalmente, duas linhas narrativas. Por um lado foca-se no rei e no seu irmão, demonstrando a rivalidade pelo trono, bem como as conspirações que se tecem em torno de ambos. Por outro, segue os templários e as sucessivas batalhas para conseguirem reaver a coroa de espinhos. Esta alternância funciona bem para criar uma perspectiva mais alargada para o leitor.
Por outro lado, de vez em quando, o autor leva-nos a presenciar alguns episódios do passado das personagens, que explicam as suas motivações e bloqueios, e nos ajudam a perceber como se encontram naquelas circunstâncias. Esta abordagem funciona para perceber, sobretudo, as personagens principais da história, mas não chega a explicar a motivação dos seus adversários.
O autor move a narrativa apresentando vários episódios de acção, com batalhas entre grupos armados e batalhas corpo a corpo, resultando numa história movimentada, com poucas pausas e de tensão constante.
Conclusão
A Coroa de Jesus é uma leitura agradável que cruza a busca por artefactos míticos (tão associada às cruzadas, mas normalmente sob a forma de patranhas fabricadas de propósito para os cruzados) com personagens históricas, levando-nos por uma demanda que reúne todos os elementos para não correr como pretendido.
O autor consegue criar empatia com as personagens principais (expondo as suas motivações) e apresentar uma narrativa movimentada, e sem pausas, o que permite uma leitura fluída. O O resultado é de leitura ligeira, distanciando-se das histórias de ficção história de tom mais pausado.
A Coroa de Jesus foi publicado em Portugal pela EGO Editora.