Este volume é a adaptação de um bom livro de ficção científica escrito por George R. R. Martin e Lisa Tuttle. Li o original há cerca de 7 anos e recordo-me de ter gostado, sobretudo, do conceito do mundo apresentando: um mundo de ilhas de desenvolvimento tecnológico quase medieval onde alguns herdam asas construídas há muito tempo, podendo-se questionar quem seriam e de onde teriam vindo os construtores das asas.

A história

A história centra-se em Maris, uma filha de pescadores que admira os voadores. O seu destino muda quando conhece um voador a adopta. Parece a solução perfeita – até o voador ter um filho que, apesar de não querer ser voador, pelas leis vigentes terá de o ser, herdando o par de asas do seu progenitor.

Maris insurge-se. Depois de roubar o par de asas para um pequeno vôo consegue que um voador convoque um conselho de voadores, onde questiona a lei de herança das asas que já terão provocado inúmeras mortes e perda de equipamentos, por se forçarem pessoas inaptas a usar as asas.

Contra todas as probabilidades, o pedido é aceite, criando-se a possibilidade de qualquer pessoa convocar um voador para um duelo onde um júri compara capacidades como destreza, velocidade ou elegância. Fundou-se uma escola para voadores. Mas também se abriu a porta para que outras regras sejam alteradas, quebrando-se o papel isento dos voadores como mensageiros, e gerando ressentimento para com os novos voadores, oriundos de outras famílias.

A narrativa

A história é centralizada em Maris, dando-lhe um papel de destaque na quebra para com as tradições. Este centralismo permite explorar alguns episódios mais pessoais da personagem, caracterizando-a e fazendo com que o leitor crie empatia para com ela.

A adaptação para banda desenhada é, também, competente. Apesar de alguns diálogos mais longos, não existem verborreias desnecessárias e usa-se bastante o desenho para transmitir alguns detalhes da história.

Conclusão

A versão de banda desenhada substitui bem o livro, o que é é algo que não se pode dizer de muitas adaptações. Transmite-se a mesma ideia de uma sociedade quase medieval, onde a comunicação entre ilhas pode ser feita através de barco, ou de mensageiros voadores.

O mistério da origem das asas destes mensageiros é algo que não é falado em nenhuma das versões, percebendo-se apenas que não é possível construir novos equipamentos. Os que existem provêm de um longo passado inespecífico, tendo-se criado um regime de normas em torno do seu uso por forma a garantir o estatuto e o papel dos mensageiros voadores.

É, em qualquer dos formatos, uma história de leitura agradável e auto-contida (o que poderá ser interessante para quem goste de ficção especulativa mas não pretende uma nova série interminável). Tanto no original, como na adaptação, fiquei com a sensação de querer saber um pouco mais sobre a origem das asas. Tirando este detalhe, é uma boa história, envolvente e capaz de transmitir empatia.