Este The Book of Jack é uma leitura fofa apesar da pitada fantástica quase a cair para o horror. A história centra-se em personagens jovens e tem um desenvolvimento simplista que se parece adequar a um público jovem. Ainda assim é uma leitura engraçada que surpreende sobretudo pelo visual.

A história

A narrativa começa por nos apresentar um grupo de jovens (entre a infância e a adolescência) que resolvem desafiar um dos mais novos a invadir um velho casarão assombrado e a roubar um item. O rapaz, de nome Jack, irá roubar um livro – o livro de Jack! Mas este livro é mágico e apesar de estar vazio, irá começar a ser preenchido com o que vai acontecendo com Jack.

Jack e uma das amigas adormecem decididos a devolver o livro, mas quando acordam no dia seguinte, o livro desapareceu e Jack está lentamente a transformar-se num monstro. Sucede-se uma pequena aventura para obter o livro e para trazer Jack de volta à normalidade.

A narrativa

Os jovens em que a história se centra não têm família. São crianças de rua que estabelecem fortes laços entre eles e que assentam a sua existência na vivência do grupo. Apesar das amarguras da vida, as duas personagens principais apresentam bons sentimentos, ainda que desenvolvam alguma capacidade de resposta às pressões de grupo.

É neste sentido que a história apresenta a sua vertente mais fofa e empática. Mas as duas personagens são envolvidas no poder fantástico de algo que desconhecem e uma delas sofre mesmo as consequências físicas desse envolvimento. A componente fantástica assume aqui uma vertente de quase horror, quando passa a ser controlada por alguém que não tem as melhores intenções.

A narrativa centra-se nas duas personagens, e apresenta-se simplista. A história decorre ao longo de 40 e poucas páginas e segue a dupla enquanto tentam recuperar e devolver o livro mágico. Existem alguns contratempos, mas são resolvidos no espaço disponível sem grandes surpresas.

Não existe grande contexto, quer para as personagens, quer a componente mágica, ainda que a história seja competente em criar empatia com tão pouco. Percebemos que existe algo mais por detrás da componente mágica (a perspectiva nos desenhos dentro da mansão dão a sensação de alguém a espreitá-lo, por exemplo) mas esta não tem espaço para ser explorada.

Conclusão

The Book of Jack trata-se de uma leitura curta, apropriada para um público mais jovem, destacando-se pela caracterização de personagens e pela qualidade do desenho. Não explora a origem da componente mágica, nem o passado das personagens, mas consegue criar a devida empatia para com elas. Em suma, é uma leitura agradável com pontos interessantes que poderia facilmente ter sido desenvolvida numa história maior e mais interessante.