Esta série, publicada em Portugal pela Gradiva, recorda-me os livros da série Roma Sub-Rosa que comecei a ler há mais de 20 anos. Histórias de investigação em torno de crimes com elevadas implicações políticas que exploram uma das civilizações que mais me fascinou – a Romana. A abordagem é diferente, bem como a complexidade e o desenvolvimento, mas tem também, pontos interessantes.

A história

Impera Augusto, ainda na memória recente do que tinha sido a República, numa época de consolidação e movimentações políticas. É nesta época de receios e jogos de influências que uma série de personagens são encontradas mortas, em circunstâncias questionáveis. Por um lado, parece ter existido intervenção divina, mas por outro, existe margem para mão humana. Alix conjuntamente com o filho e o amigo deste, investiga as circunstâncias da morte, descobrindo uma conspiração perigosa (algo que já se suspeitava com a lista de assassinados).

No segundo livro, o trio é enviado ao Egipto para investigar o reaparecimento de César! Entre detalhes de incompetência por parte do governador, detalhes religiosos e tentativas de assassinato, a história prossegue na exploração deste avistamento curioso.

Opinião

Cada uma das investigações decorre ao longo de quase 50 páginas, sendo pouco espaço para apresentar uma trama complexa. Após apresentação do mistério e de alguma investigação há espaço para uma ou duas reviravoltas rápidas e assim se fecha o volume. O trio que investiga o caso é peculiar mas eficaz. Esta abordagem relativamente simplista consegue captar interesse e manter-se em movimento, enquanto apresenta alguns detalhes do Império Romano.

A história apresenta um bom ritmo, focada em apresentar a trama (ou mistério) e em explorá-lo. Talvez por usar uma personagem central já explorada e caracterizada numa série anterior, existe pouco centralismo nas personagens ou nas suas personalidades, mas existem alguns (poucos) momentos em que podemos percepcionar o seu código de honra e forma de pensar.

Esta série será a continuação da série Alix de Jacques Martin, apresentando a mesma personagem várias décadas depois e centrando-se agora mais no seu filho e respectivo amigo. Não tendo lido a série original, não senti dificuldade em perceber o enquadramento das histórias. Comparando com a informação que se encontra disponível, esta nova série apresenta uma evolução também a nível visual, mais dinâmica, detalhada e realista. Tanto os cenários, como os monumentos e as pessoas, são apresentados com maior nível de detalhe, com cores mais subtis, destacando-se as sombras e os degradés necessários para algum sentimento realista. O desenho é muito bom, ainda que nem sempre proporcione páginas espectaculares, sobretudo pela forma como os quadros são dispostos.

Conclusão

O resultado é agradável. As histórias são movimentadas, proporcionando momentos interessantes e acompanhando-se por páginas de arte detalhada. Em termos de edição, a capa dura é um bom complemento, mas a edição é simplista, sem nenhum tipo de introdução ou extras.