Miguelanxo Prado é, sem dúvida, um dos meus autores favoritos. Entre Fragmentos da Enciclopédia Délfica, e Crónicas Incongruentes, o autor costuma tecer fabulosas críticas à nossa sociedade, carregadas de ironia em situações levadas ao extremo. Mas este Amani é destinado a um público mais juvenil, pelo que estava curiosa para ver como o autor modificava o tom. Em Portugal, Amani foi publicado pela Ala dos Livros.

A história
Um jovem hipopótamo vai descobrindo que não é como os outros – menos conflituoso e mais amistoso, distingue-se do hipopótamo padrão que está sempre à procura de uma bulha. Esta sua forma de ser (derivada de uma alteração hormonal) leva-o a fazer amigos entre outros animais, mas também a ser um pouco maior do que é normal na sua espécie. Esta dualidade (o tamanho e a menor agressividade) vão distingui-lo, mas também dar-lhe algumas vantagens.



Crítica
Amani é uma leitura simples e engraçada que usa as características peculiares da personagem principal para se referir às vantagens de uma menor agressividade em sociedade, ou para mostrar como as diferenças que fazem de alguém estranho, podem ser transformadas em vantagens.
Existe uma fofura impregnada em todas as imagens, quer no próprio desenho, quer nas cores usadas. Esta história ilustrada centra-se nos hipopótamos, mas apresenta vários outros animais de forma relaxada e amigável, sendo uma leitura curiosa que tem como ponto menos positivo o tentar demasiado explicar a premissa de forma científica (que poderia ter sido facilmente evitada).



Conclusão
Amani é um deleite visual! O autor usa um tom juvenil (o que lhe é pouco usual) e a história prossegue num tom sério onde se apresenta um animal diferente dos da sua espécie para explorar essas diferenças de forma fofa e curiosa. É, sobretudo, um livro visualmente atraente, com páginas extraordinárias.