
Eis um dos livros da nova linha editoral da editora A Seita! Trata-se de um novo selo editorial, Ikigai, totalmente dedicado à BD do Extremo-Oriente. O primeiro lançamento foi Butterfly Beast, sendo que este é o segundo.



A história
Puuka, uma modelo obscura é levada para uma zona remota (no meio da floresta) para fazer uma sessão fotográfica. Mas quando lá chega, é perseguida por zombies e acaba mordida pelo zombie que a tenta salvar. Sim, porque aqui existem dois tipos de zombies – os que apenas mordem como em qualquer filme de horror, e os que mantiveram as capacidades cognitivas mas que passaram a ter fome por carne, sobretudo humana. A transformação em zombie começa lentamente e Puuka é levada para uma aldeia remota e isolada da civilização humana, onde os zombies convivem e desenvolvem o seu próprio quotidiano.



Crítica
Eis uma história que pega num conceito conhecido para criar uma história diferente e até divertida. A vida de Zombie tem algumas limitações e particularidades que vão para além da óbvia vontade em comer carne humana. A degradação do próprio corpo leva a algumas situações insólitas, mas a correcta manutenção também permite uma existência mais longa do que aquela que teria um humano normal.
Puuka é uma modelo praticamente desconhecida até ao momento em que desaparece na floresta, sendo que passa a fazer parte da manchete de vários jornais. Jovem e alegre, é levada para a aldeia de zombies e vai-se habituando ao novo regime – mas claro que existem vários momentos nojentos e Puuka, recém-chegada, vai reagir como reagiria um humano, vomitando em vários episódios (ainda que nos questionemos, afinal o que tem ela no estômago para vomitar?).
A história centra-se sobretudo em Puuka e nos seus maiores amigos, o rapaz que a salvou e uma criança que deambula pela zona de um parque de diversões. Apesar do foco nestas personagens, a narrativa vai apresentando episódios delirantes e rocambolescos, com pedaços de zombies (carne apodrecida) por todo o lado. Existem, também, momentos de contacto com seres humanos, que acabam de forma curiosa.
Em termos visuais, esta série apresenta zombies acéfalos muito detalhados (com todos os detalhes esperados) que contrastam com os zombies racionais, que têm um aspecto praticamente normal e, até, fofo. Ainda que esperemos que os zombies acéfalos sejam mais chocantes, na realidade, é o contraste da fofura de algumas personagens e das coisas que são capazes de fazer (e da sua lógica de zombie) que causa os momentos mais surreais (mas também divertidos).



Conclusão
Kyo Kara Zombie usa os zombies, criaturas comuns das histórias de horror, tornando-os simplesmente em criaturas racionais com fome diferente, e usando as suas características para criar uma história leve e divertida. Retira-se toda a carga de horror, ainda que, numa outra perspectiva (a humana) os mesmos episódios pudessem ser do mais puro terror.