
Eis um livro que tenho há algum tempo, mas que ainda não lhe tinha pegado. O que encontrei foi uma excelente surpresa, carregada de ironia e alguns comentários sobre a realidade humana. A história começa com uma premissa futurista quase banal em que um casal de humanos é adormecido e colocado em cápsulas para uma viagem turística.
Mas a nave com destino paradisíaco sofre um acidente e acaba num planeta que, apesar de conter atmosfera respirável por humanos, contém também uma série de animais agressivos. Uma mulher, uma passageira que fará parte do tal casal de humanos, acorda aquando da aterragem. Procurando outros, depara-se com o capitão da nave que está lesionado e ajuda-o a sair dos destroços.



A premissa parece banal, mas são os contornos de ironia e crítica aos seres humanos que tornam esta história algo mais interessante do que parece. A nave que é destacada para salvar a nave turística leva apenas um salvador por corte de custos. Este salvador demora algum tempo a sair da sua nave para salvar outros para poder terminar de ver a sua novela dramática. A mulher que salva o capitão da nave acaba com um gosto especial pela adrenalina – mas claro que, apesar dos seus feitos, é vista como uma mulher frágil.
De forma subtil e irónica, a narrativa vai dando pequenas tacadas, criando detalhes curiosos em torno de uma premissa comum. Ainda que estes comentários ou críticas pudessem ser secundários, conferem à narrativa algumas reviravoltas credíveis que fortalecem a história. Foram estes elementos que me levaram a considerar o resultado como sendo inesperadamente bom.


