Agora que já falei do evento e das condições do recinto, eis então um artigo sobre a nossa experiência no Leiriacon. Depois de duas edições canceladas por causa da situação pandémica, eis que finalmente pudemos ir! Este ano o evento teve limitação de participantes, existindo a venda de bilhetes (por um valor bastante acessível). As datas de 2023 já foram anunciadas e nós já marcámos na agenda.

Então o que se faz numa convenção de jogos de tabuleiro? Joga-se claro. O quê? Os jogos que podemos levantar nas ludotecas, os protótipos que estão disponíveis ou os jogos que vamos comprando! Para além disso, assistimos a sessões das editoras para os Media para nos pormos a par das novidades, e há ainda quem participe em campeonatos de jogos.

Para muitos jogadores, as convenções são a oportunidade perfeita para jogar com outras pessoas, ou experimentar determinados jogos com um maior número de jogadores. Experimentam-se jogos que dificilmente vamos conseguir ter na nossa ludoteca, ou jogos que pensamos em poder comprar.

Mas afinal, o que jogámos?

Bem, apesar do cansaço da viagem, começámos logo na quinta-feira com Gutenberg! O tema atrai-me e estava na minha lista de compras!

O jogo tem uma mistura curiosa de colocação de trabalhadores com leilão que determina que acções são efectuadas por cada jogador e com que ordem. Destacam-se as engrenagens que vão sendo postas no tabuleiro de jogador e que permitem ir adquirindo diferentes bónus conforme vão rodando.

As regras foram fáceis de captar e a experiência foi agradável, pelo que fiquei convencia em adquiri-lo no futuro. Visualmente é atraente (sem ser extraordinário) e o jogo vem com várias caixinhas onde se colocam os componentes. Como ponto negativo, em componentes, destacaria as engrenagens que não rodam tão facilmente quanto seria de esperar, saltando, por vezes, das suas posições.

Os próximos a ser jogados foram uma dupla de abstractos – Squadro e Quixo. Esta categoria de jogos é a favorita do meu marido e, como tal, assim que os adquirimos fomos a correr experimentar. Quixo é o mais simples dos dois, sendo composto por vários cubos com três lados possíveis, X O ou vazio. Cada jogador escolhe um dos símbolos. O objectivo do jogo é fazer uma linha, coluna ou diagonal com o próprio símbolo. À vez, os jogadores pegam um dado para, de seguida, também à vez, o colocarem noutro local, empurrando as restantes peças. A lógica é simples, mas desafiante q.b.

Squadro é um pouco mais complexo, existindo peças que devem atravessar o tabuleiro e voltar, sendo que ganha o jogador que o conseguir fazer mais rapidamente com todas as suas peças. Cada peça pode deslocar-se o número de casas indicado na sua linha ou coluna, sendo que se uma outra peça lhe passar por cima, volta ao início do caminho.

Seguiu-se um protótipo – Applejack de Uwe Rosenberg. Trata-se de um jogo de colocação de peças, neste caso hexagonais.

Os jogadores devem percorrer um caminho finito, recolhendo peças hexagonais à vez. Estas peças devem ser colocadas no tabuleiro do próprio jogador.

De forma a conseguir um maior número de pontos, os jogadores devem tentar colocar as peças de forma a concretizar conjuntos contínuos de maçãs da mesma cor.

Ao longo do caminho percorrido pelos jogadores existem posições em que se pontuam maçãs de uma determinada cor. Nestes pontos ganham-se tantos pontos quanto as maçãs, menos o número de rondas já decorridas. No final do jogo existem outras formas de pontuar as maçãs.

Gostei desta experiência de jogo, ainda que tenha achado que deveria existir alguma forma de gerir a progressão no caminho (avançando ou escolhendo de outros molhos). Estou curiosa por ver o design final!

De protótipo em protótipo, parámos na banca da Mebo para experimentar Floresta, de Nuno Santos e Przemek Wojtkowiak. Neste jogo encontramos várias florestas onde devemos colocar as nossas árvores usando, para isso, as cartas que temos em mãos. As cartas vão rodando pelos jogadores (à semelhança de um Seven Wonders). As árvores que vamos colocando pontuam de forma diferente em cada floresta. Existem, ainda, incêncios que temos de ir apagar, ganhando pontos pela rapidez com que o fazemos – esta rapidez vai dependendo do tamanho da torre que vamos construindo. Esta foi, também, uma experiência bastante agradável!

Depois de assistirmos à sessão Devir para os media, achámos piada ao conceito do Sonara, e fomos a correr experimentar: um tabuleiro de crokinole de dimensões reduzidas, onde, dependendo do lugar onde param as peças de cada jogador, se preenchem quatro espaços diferentes no tabuleiro de jogador. Cada espaço do tabuleiro possui uma estratégia diferente de preenchimento, como uma espécie de quatro diferentes mini jogos. É um jogo colorido e diferente que pretendemos levar à mesa mais vezes.

Mas como não podemos passar sem abstractos, eis que o próximo é mais um da colecção – Pylos. Outro com um conceito simples e fácil de perceber, rápido de jogar mas que nos permite estratégias interessantes ao anteciparmos as jogadas do nossso adversário. Neste caso, existem bolas de duas cores, e cada jogador escolhe uma cor. À vez, colocam as bolas construindo a pirâmide. Sempre que se conseguem quatro bolas juntas de uma mesma cor fazendo um quadrado, o jogador recupera bolas das suas. O objectivo é ser o último a colocar bolas, de forma a colocar uma da sua cor no topo da pirâmide.

Eis Samurai, um clássico do Knizia que não se encontra por aí disponível e que tivemos a possibilidade de experimentar durante o evento. O jogo cruza influência de área com gestão de mão. Cada jogador inicia o jogo com o seu próprio conjunto de peças hexagonais (todos os jogadores possuem conjuntos equivalentes na sua própria cor) sendo que, na sua vez, vão colocar pelo menos uma dessas peças no tabuleiro. Em cada vila ou cidade podem existir três tipos de peças negras e o jogador vai tentar adquiri-las, tendo que ter, para isso, mais influência que o seu adversário para cada tipo. A dois jogadores, vence o que tiver maior número em dois tipos de peças.

Apesar de não achar o visual do tabuleiro extraordinário, a simbologia é eficaz e facilmente perceptível. Em termos de componentes o jogo destaca-se pela qualidade das peças negras. Em jogabilidade, destaca-se pela relativa simplicidade das regras, mas que permite desenvolver estratégias abstractas de alguma complexidade. É um jogo que será adicionado à nossa ludoteca assim que descobrir uma cópia com preço acessível.

Apesar de todos os jogos espectaculares que tivemos oportunidade de experimentar, um dos grandes destaques foi Mille Fiori, um dos jogos mais recentes do Knizia que deverá ser lançado no nosso mercado pela Devir.

Visualmente é fabuloso. As peças de cor transparente permitem visualizar os símbolos sobrepostos por cada jogador, ao mesmo tempo que conferem um efeito estético engraçado.

Para os fãs do Knizia, é um jogo bastante diferente dos outros que temos, uma espécie de salada de pontos onde todas as jogadas nos levam a pontuar.

Na sua vez, o jogador escolhe uma carta da sua mão e passa o molho de cartas para o próximo jogador. Cada carta permite ao jogador colocar uma peça numa das diferentes áreas de jogo.

Em termos de estratégia é vantajoso investir mais numa determinada área de jogo, mas também temos de acompanhar as jogadas dos adversários para tentar impedir que façam grandes pontuações.

A noite de Sábado terminou connosco a experimentar a nova edição de um famoso clássico – Marco Polo II. Apesar do tempo que nos levou a ler as regras, achei que o jogo até era fácil de perceber em mecanismos.

Marco Polo II é um jogo de colocação de trabalhadores que, neste caso, são dados. Cada valor do dado dá acesso a um grupo de acções, existindo modificadores que nos permitem ter maior flexibilidade no seu uso. O objectivo é a aquisição de pontos, sendo que estes podem ser concretizados de diversas formas, como a concretização de contratos, ou a deslocação ao longo de várias cidades. Por cada cidade em que paramos, vamos ter acesso a bónus ou vantagens diferentes – nalgumas podemos adquirir contratos, noutras podemos ter novos locais para colocar os nossos dados.

O jogo tem uma diversidade interessante de acções e obriga-nos a encadear várias jogadas para atingir um determinado objectivo, antecipando jogadas e definindo estratégias mais complexas. É, portanto, o meu tipo de jogo. Um dos aspectos mais interessantes é a preparação variável que me parece que irá permitir ter combinações diferentes de acções em cada experiência de jogo.

Domingo, entre bagagens e refeição, ainda parámos para uma última experiência – Codex Naturalis. Tinha visto algumas críticas dúbias, indicando que o jogo não iria apresentar grande variedade entre jogatanas. Mesmo assim, resolvemos experimentar e ainda bem.

Para primeira experiência é um jogo engraçado, onde temos de escolher o que sobrepor (neste sentido recordou-me Café). Cada jogador tem objectivos privados e objectivos públicos, fazendo pontos também com as cartas que vai jogando. As cartas têm requisitos para serem jogadas, ou seja, o espaço de jogo do jogador deve apresentar os símbolos necessários para jogar determinada carta. Mas as cartas que vão sendo jogadas sobrepõem alguns símbolos, pelo que o jogador deve escolher, com muito cuidado a ordem das cartas e que símbolos sobrepor.

No final, entre a loja, a feira de usados e algumas lembranças das editoras, voltámos com um montão de jogos!

que encontrámos, à semelhança da anterior experiência (antes da COVID)